Ciência

Este manuscrito medieval prevê que astro surgirá no céu em 2024

Um esqueleto de dinossauro da espécie Camptossauro vai a leilão pela casa Drouot, em Paris, França,
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Um manuscrito medieval de um monge pode ser o primeiro registro de um raro fenômeno espacial. O documento é de 1217 e relata o que o astrônomo Bradley Schaefer acredita ser uma nova recorrente, que é uma estrela morta sugando matéria de uma companheira maior.

Por este motivo, a nova recorrente gera explosões repetidas de luz em intervalos regulares. De acordo com o astrônomo, é esse brilho que o manuscrito parece descrever. Se ele estiver certo, a próxima erupção prevista da nova acontecerá em 2024.

Uma longa história

Em 1217, um monge alemão olhou para o céu estrelado em direção ao seu sudoeste despretensiosamente. Foi dessa forma que ele notou uma estrela que normalmente brilhava fraco na constelação de Corona Borealis. 

Naquela noite ela acendia em uma intensidade incomum – e assim continuou a brilhar por vários dias. Surpreso com o acontecido, o abade Burchard registrou a observação do monge em uma crônica daquele ano, descrevendo o acontecimento como “um sinal maravilhoso”.

A estrela “maravilhosa” em questão pode ser T CrB, que está na constelação Corona Borealis.

Além da crônica, Schaefer considera como prova outro registro, este de 1787. Feito por um reverendo e astrônomo, o documento relata um comportamento semelhante a uma nova de uma estrela cujas coordenadas coincidem quase exatamente com a posição de T CrB no céu.

Em tese, esta estrela aumenta dramaticamente em brilho por cerca de uma semana a cada 80 anos. Isso faria com que sua próxima erupção pode acontecer em 2024. No entanto, o aumento de brilho da T CrB só foi cientificamente documentado apenas duas vezes: em 1866 e novamente em 1946.

Como Schaefer chegou a esta conclusão

Schaefer eliminou a possibilidade do brilho vir de outros fenômenos. Por exemplo, ele descartou a hipótese de ser uma supernova quase imediatamente, porque esse é um evento violento que teria deixado rastros claramente visíveis hoje.

Da mesma forma, o astrônomo eliminou a possibilidade de ser um planeta brilhante, pois nenhum planeta visível a olho nu percorre essa região do céu.

Por fim, Schaefer descartou que seja um cometa. Isso porque a maioria dos monges da época estava familiarizada com cometas, que eram considerados presságios de desgraça. 

Dessa forma, é difícil acreditar que o abade Burchard registrou um cometa como algo tão “maravilhoso” e excepcional. Também é improvável que fosse um cometa se ele não mencionou nenhuma cauda no manuscrito.

Para Schaefer, a conclusão lógica é de que o fenômeno é uma nova recorrente, a T CrB. Contudo, o artigo que o astrônomo escreveu só foi publicado em pre-print, o que significa que ainda não foi revisado por pares.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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