O mapa que pode ter trazido Cristóvão Colombo à América é enfim decifrado

Depois de anos apagado e considerado perdido, o mapa que pode ter sido usado por Colombo é finalmente decifrado graças a imagens multiespectrais.

A principal maneira de compartilhar ideias hoje é a internet. No século XV, era a cartografia. E agora, pesquisadores da Universidade Yale nos mostram pedaços de um dos mapas mais influentes da história — partes dele, até então, estavam velhas e apagadas demais para serem lidas.

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Henrique Martelo é um nome que você provavelmente só reconheceria caso tivesse um grande interesse pela história dos mapas. Mas Martelo teve um papel de destaque nos mais importantes eventos do início do mundo moderno, graças a um mapa que ele desenhou em 1491.

Ele mostrava o mundo como a Europa o via, e estudiosos teorizam há tempos que este mapa deu a Cristóvão Colombo a informação necessária para encontrar o Novo Mundo. (O mesmo mapa também deu a ele a localização errada do Japão, hoje conhecida como Bahamas).

Que um mapa poderia sobreviver por 500 anos — 524, para ser mais exato — é impressionante por si só. Mas muito do texto presente no mapa de 1,80 m de largura se perdeu devido ao uso e desgaste. Pesquisadores tentam decifrar as centenas de palavras e formas presentes no mapa desde a década de 1960, quando ele chegou em Yale.

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Os pesquisadores só atingiram o objetivo no ano passado, graças as melhorias em imagem multiespectral. A Yale News explica como essa tecnologia revelou centenas de palavras escritas no mapa que pareciam ter sido perdidas para sempre.

Basicamente, uma equipe de Yale usou imagens multiespectrais para ver através do mapa nebuloso. O processo captura imagens em 12 frequências de luz diferentes; ao processar essas imagens com algoritmos específicos, são reveladas as palavras e imagens.

“Animais diferentes dos nossos”

Como explica a Yale News, muitos dos textos no mapa descrevem não apenas populações locais, mas também a vida selvagem de regiões do mundo. Alguns trechos parecem ter vindo de As Viagens de Marco Polo, um livro do ano 1300 com as histórias contadas por Marco Polo sobre suas viagens entre a Rota da Seda e a China.

Por exemplo, a passagem abaixo é um alerta sobre a existência de uma monstruosa criatura hoje conhecida por baleia orca, que foi descrita por Martelo como “um monstro marítimo que é igual ao sol quando brilha, cuja forma mal pode ser descrita, exceto por sua pele macia e o corpo enorme”.

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Outro trecho alerta de “grandes desertos no qual existem leões, grandes leopardos, e muitos outros animais diferentes dos nossos”.

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Fontes etíopes

Outro detalhe interessante revelado pela análise multiespectral: a forma como Martelo retratou a África foi na verdade baseada em fontes africanas. De acordo com o artigo da Yale News, a forma como a África é desenhada no mapa veio de sugestões etíopes – especificamente, “três representantes para o Concílio de Florença em 1441”. O concílio foi convocado pelo Papa, que convidou os representantes etíopes a oferecer informações sobre o formato do continente africano.

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O legado de um mapa

A cartografia foi uma ferramenta muito importante na Era dos Descobrimentos. O mapa de Martelo era baseado em outros que existiram antes, e o mapa dele influenciou a maneira como diversos outros cartógrafos retratavam o mundo. As imagens multiespectrais criadas por Yale nos dão acesso à essa herança.

Os mundos recém-descobertos aparecem em um mapa que surgiu depois, feito por Martin Waldseemüller em 1507, o que sugere que ele talvez tenha usado o mapa de Martelo para desenhar o seu próprio.

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O mapa de Waldseemüller foi o primeiro a mostrar a América como um continente. É claro, ela era retratada de forma bem diferente em 1507. Alguns anos mais tarde, em 1540, outro cartógrafo desenhou um mapa mais completo – e assim, pouco a pouco, o Novo Mundo foi sendo descoberto e registrado.

Imagens: Yale News; atualizado às 19h17

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