Seu mau hálito pode ter sido causado pelo consumo excessivo de bebida alcoólica
Os perigos de ingerir muito álcool são profundos — existe até um debate para saber o quanto pode ser prejudicial. Um novo estudo publicado na semana passada na Microbiome sugere que um dos perigos é ter a boca cheia de bactérias potencialmente perigosas.
Pesquisadores da Universidade de Nova York estudaram amostras de saliva de mais de mil voluntários saudáveis com idades entre 55 e 84 anos, que participaram de pesquisas anteriores. Além da saliva, os voluntários também informaram suas dietas no último ano, incluindo o consumo de álcool. Usando uma forma de sequenciamento de RNA, os pesquisadores traçaram uma comunidade de bactérias — ou microbioma — da boca de cada voluntário.
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Eles descobriram que, em média, a ingestão de álcool estava associada com a alta abundância de grupos de bactérias conhecidos por conter germes que causam doenças na gengiva — um culpado conhecido causador do mau hálito — assim como uma menor abundância de lactobacilos, uma bactéria ligada a uma melhor saúde bucal. Quem bebe também tem altos níveis de bactérias do gênero Neisseria. Algumas bactérias desse gênero são preocupantes, pois elas produzem acetaldeído cancerígeno com a ingestão de álcool, embora ainda não exista evidência direta de que essas bactérias na boca causem câncer. Quanto mais uma pessoa bebia, maior era a probabilidade de ela ter essas bactérias malévolas.
Os autores dizem que o estudo deles é o maior e mais abrangente levantamento a examinar como o microbioma da boca, que é colonizado por mais de 700 espécies além de vírus e fungos, pode ser mudado com o álcool. E as descoberta deles podem servir de aviso de como o álcool aumenta o risco de certas doenças na boca e em outras partes do corpo.
“Tais mudanças potencialmente contribuem com doenças relacionadas ao álcool, incluindo doenças periodontais, cânceres de cabeça e no pescoço, câncer no trato digestivo, mas é necessário mais pesquisa para relacionar a composição do álcool com o fenótipo dessas doenças”, escreveram os pesquisadores no periódico.
O álcool pode mudar diretamente o microbioma, especulam os autores, ao matar certas células de imunidade, danificando os dentes, ou fundamentalmente alterando a composição da saliva. Mas, neste ponto, ainda é desconhecido em qual nível essas mudanças microbianas são resultado apenas da bebida. A ingestão em excesso de álcool geralmente está conectada com uma má dieta e outras escolhas pouco ideais de estilo de vida, como fumar, embora os autores tenham tentado controlar o histórico de fumo e preexistência de má saúde bucal.
O tipo de álcool que você bebe regularmente à noite também pode afetar nossos vizinhos bacterianos, uma vez que os pesquisadores descobriram que quem toma vinho tem um microbioma diferente de quem bebe cerveja ou de quem não bebe nada. Os pesquisadores planejam investigar a fundo essas mudanças, incluindo uma população mais diversa e jovem em um próximo estudo, e também disseram que estudos futuros podem indicar se não beber álcool pode tornar o microbioma da boca mais saudável.
Imagem do topo por Pixabay