Ciência

Microplásticos estão chegando a níveis estratosféricos (literalmente)

Cientistas descobriram que formato dos microplásticos podem determinar a distância que eles conseguem percorrer pela atmosfera
Imagem: FlyD/ Unsplash/ Reprodução

De tempos em tempos, pesquisas revelam a presença de microplásticos em lugares que antes eram inimagináveis. Por exemplo, as partículas já foram encontradas nas nuvens, no ar, nos oceanos e chegaram até mesmo ao coração humano.

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Agora, um novo estudo identificou o que faz eles irem tão longe – ao menos na natureza. Segundo a pesquisa, publicada na revista Environmental Science & Technology, o formato das partículas cumprem papel essencial para seu alcance em distância.

Modelos de viagem dos microplásticos

O que intrigava os pesquisadores é que mesmo partículas grandes de plástico estão chegando a regiões muito remotas do planeta. Em geral, modelos de transporte atmosférico prevêem que tais elementos caem da atmosfera sempre perto de suas fontes.

Para testar a dinâmica das viagens que os microplásticos fazem mundo afora, pesquisadores utilizaram uma impressora 3D e um aparelho que permite rastrear microplásticos individuais no ar.

Então, eles compararam dois formatos de partículas, as esféricas e as fibras. Em geral, o modelo mostrou que as fibras com comprimentos de até 1,5 milímetros poderiam atingir os lugares mais remotos da Terra.

Já os microplásticos esféricos se depositavam muito mais perto das suas regiões de origem. Além disso, as fibras de microplásticos poderiam atingir altitudes muito maiores na atmosfera do que esferas do mesmo peso.

“Um resultado importante do estudo é que nossa análise é aplicável não apenas a microplásticos, mas também a quaisquer outras partículas, como cinzas vulcânicas, poeira mineral, pólen, entre outros”, afirma Daria Tatsii, autora do estudo.

Consequências

Em geral, a descoberta revela que o formato dos microplásticos podem influenciar processos de nuvens e até mesmo a camada de ozônio. “Parece possível que as fibras de microplástico sejam abundantes na troposfera superior e possam até atingir a estratosfera”, explica Andreas Stohl, também envolvido no estudo.

No entanto, os pesquisadores alegam que há um extenso caminho de pesquisa sobre o tema pela frente. Isso porque a ciência ainda não conseguiu determinar quanto plástico e em quais tamanhos e formas atingem o meio ambiente. 

“Estamos carentes de dados muito básicos. Mas dado o aumento dramático na produção global de plástico, precisamos estar atentos”, diz Stohl.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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