por Bruno Izidro
Até hoje, o videogame que mais vendeu na história foi o PlayStation 2, com 155 milhões de unidades em todo o mundo. Além dele, somente outros quatro consoles ultrapassaram a marca de 100 milhões: Nintendo DS, Game Boy, o primeiro PlayStation e o Wii. Esses números são só para mostrar o quão ambicioso era a previsão da Microsoft de vender 200 milhões de Xbox One quando a empresa revelou a plataforma, em 2013.
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A informação foi recentemente revelada pelo atual chefe da divisão Xbox, Phil Spencer, em entrevista ao site australiano Stevivor. “A meta que o time tinha era como achar um jeito de vender 200 milhões de consoles”, disse o executivo, que na época chefiava a Microsoft Studios, a divisão que cuida dos jogos exclusivos para a plataforma.
Talvez a Microsoft estivesse animada com o bom desempenho do Xbox 360 na geração passada, que vendia mais que o PS3, ou eles estavam realmente acreditando no potencial da nova plataforma. O fato é que foi para buscar esse número bem absurdo que o Xbox One foi anunciado muito mais como um aparelho multimídia, com bastante foco em TV, do que um videogame.
Como seria impossível conseguir vender 200 milhões de unidades só para os jogadores, a estratégia passou a abranger mais outros públicos que poderiam também consumir o console. Spencer diz que o time, então liderado por Don Mattrick, viu no crescimento de serviços de vídeos, como a Netflix, uma forma de atingir esse objetivo.
“Se pudéssemos criar um console que poderia estar no centro dessa transição [TV para serviços de vídeo] e realmente abraçar não só as pessoas que jogam games, mas também aquelas que estavam mudando seus hábitos com televisão, seria possível expandir o mercado”, declarou Spencer.
Todos nós sabemos que não deu muito certo e a obsessão (que agora pode ser vista como desesperadora) da Microsoft por TV e serviços de vídeo no Xbox One virou piada e, aliada a outras polêmicas como conectividade online obrigatória e uso de Kinect, manchou a imagem do videogame antes mesmo dele ser lançado.
As coisas só foram melhorar em 2014, alguns meses após o lançamento do Xbox One, quando Satya Nadella assumiu como CEO da Microsoft e colocou Spencer como o novo chefe de toda a divisão responsável por Xbox na empresa.
Quando assumiu, ele deixou bem claro que o foco voltaria a ser nos jogos. “Quando olhamos para o que as pessoas fazem nos consoles hoje, serviços de vídeo são tão altos quanto os de games, então não é que as pessoas não estão assistindo YouTube, Netflix e outras coisas por lá, mas eu ainda acho que nós temos que ter sucesso com jogos primeiro, antes de ter alguma permissão para ir fazer qualquer outra coisa”, revelou Spencer na mesma entrevista ao site Stevivor.
Vale lembrar que nesse meio tempo a Microsoft anunciou e, logo depois, fechou a Xbox Entertainment Studios, divisão da empresa que estava produzindo conteúdos originais em séries, filmes e documentários para a plataforma. Algumas delas, inclusive, ligadas a jogos, como uma série para Halo.
Há algum tempo que a Microsoft não revela mais qual o número de vendas de Xbox One, mas a estimativa é que ela está em torno de 20 a 25 milhões de unidades, o que não chega nem a 1/3 do que a empresa pretendia no começo. Enquanto isso, a Sony já vendeu mais de 40 milhões de PS4 em todo o mundo.