Em artigo, Nicolelis mostra que terapia com paraplégicos trouxe movimentação parcial

Após treinamentos de longo prazo com pessoas que sofrem de paralisia usando interfaces cérebro-máquina, a equipe de Nicolelis notou que algumas pessoas recuperaram parte dos movimentos.

O Projeto Andar de Novo do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis quer dar a pessoas com paralisia o direito de voltar a andar, mas novos desenvolvimentos do estudo chegaram a algo que os pesquisadores se impressionaram bastante: o treinamento intenso ajudou as pessoas com paralisia a restaurar parcialmente movimentos e sensibilidade nos membros.

Experimento de Miguel Nicolelis faz macaco controlar cadeira de rodas usando apenas a mente
O exoesqueleto de Miguel Nicolelis, um ano depois

Iniciado em 2013, o Projeto Andar de Novo, com uma equipe internacional de cientistas, trabalhou com oito pacientes paraplégicos, com o objetivo de fazê-los entender e usar interfaces cérebro-máquina (ICM) para restaurar os movimentos.

O momento de maior destaque do projeto foi na abertura da Copa do Mundo de 2014, quando um jovem com paralisia deu um pontapé em uma bola – o episódio foi deixado de lado durante a transmissão oficial do evento, mas ele aconteceu mesmo.

E agora Nicolelis e sua equipe publicaram na Science Reports o primeiro artigo científico com resultados dos estudos realizados desde 2013. Segundo Nicolelis, o treinamento de longo prazo com ICMs em pacientes que sofreram lesão medular pode levar a uma recuperação neurológica parcial. Ele explica tudo no vídeo abaixo, postado na sua página do Facebook:

Os oito pacientes treinados pela equipe de Nicolelis ao longo de 12 meses demonstraram recuperação neurológica parcial com o treinamento de longo prazo usando interfaces diferentes – incluindo dispositivos de realidade virtual, exoesqueletos robóticos ou um dispositivo de marcha robótica. Essa recuperação inclui restauração parcial motora, sensitiva-tátil e de funções viscerais. Apesar de serem pacientes diagnosticados com paralisia completa há anos, eles conseguiam mexer um pouco dos membros antes paralisados, por exemplo.

Nicolelis acredita que a lesão sofrida pelos pacientes não destruiu todas as fibras da medula, e algumas delas permaneceram “dormindo” durante anos, sendo reativadas com o treinamento com ICMs.

O cientista comemora bastante o resultado e diz que, em suas pesquisas sobre o assunto, não encontrou nenhuma outra referência aos efeitos benéficos que o uso de ICMs têm em pacientes com paralisia. Nicolelis acredita que, no futuro, as ICMs podem não só ajudar a restaurar os movimentos, e uma combinação delas com outras terapias pode gerar um novo tratamento para esses pacientes.

O artigo da equipe de Nicolelis pode ser lido, em inglês, na Nature (com muitos detalhes técnicos).

[Nature, Facebook]

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