Modelos geradas por IA têm agência na Holanda e catálogo de fotos
A Deep Agency é um estúdio fotográfico e agência de modelos como qualquer outra. Exceto pelo fato de que as fotos e os modelos não existem na vida real: todos foram criados por IA (inteligência artificial).
O serviço, criado por um desenvolvedor da Holanda, permite uma customização de fotos e modelos, dependendo da necessidade do consumidor. É possível escolher o modelo e suas poses a partir de descrições em texto, como a hora e o clima da “hora da foto”, o tipo de câmera, lente ou velocidade do obturador.
A “contratação” das modelos por IA custa 29 euros por mês, pouco mais de R$ 160 no câmbio atual, valor que fica bem abaixo dos custos para contratar profissionais humanos. As três fotos dessa reportagem, por exemplo, foram criadas na versão grátis da plataforma.
“Contrate modelos virtuais e diga adeus às tradicionais sessões de fotos”, diz o site da empresa. “Tudo é 100% gerado por IA”, disse Danny Postuma, que fundou a agência, no Twitter.
Ele afirma que pensou o programa para agências de marketing e produtos de e-commerce. Por isso, a plataforma usa os mais recentes modelos de conversão de texto para imagem.
Questões controversas
Nos Termos e Condições, a Deep Agency diz que usa um sistema de IA treinado a partir de dados públicos, o que faz com que muitas imagens sejam parecidas com fotografias que já existem de pessoas reais.
É provável que o conjunto de dados seja ou se pareça com o LAION-B, um banco de imagens de código aberto usado para treinar outros sistemas como o DALL-E e Stable Diffusion. O conjunto inclui imagens de pessoas reais que não autorizaram a divulgação.
Apesar do software ser bem impressionante, ele apresenta algumas limitações. É comum identificar as imagens de “origem” das novas modelos e o site só gera fotos de mulheres no plano gratuito. Quando pago, o sistema libera outros três modelos, segundo uma mulher e dois homens.
Além disso, o mais comum é que o mecanismo gere majoritariamente imagens de mulheres loiras e brancas, mesmo que o usuário selecione outra cor ou etnia no catálogo. Por isso, é preciso adicionar descrições de cor, idade e outros dados que alterem a aparência da modelo.
A Deep Agency também oferece a opção das próprias pessoas transformarem a si mesmas em modelos. Para isso, o site pede o envio de 20 selfies. “Trinta minutos depois, seu gêmeo virtual está pronto”, tuitou Postma.
Os termos não deixam claro se o serviço usa as fotos de usuários para gerar novos modelos IA. O Giz Brasil entrou em contato com o fundador para tirar a dúvida, mas ainda não obteve resposta. Atualizaremos o texto assim que obtivermos resposta.
5/8 Digitizing yourself is super easy 😊
Upload 20 selfies and let our AI do its magic. Thirty minutes later, your virtual twin is ready.
Here's an example of a photoshoot I did for myself today. pic.twitter.com/jT0mB0ZnjW
— Danny Postma (@dannypostmaa) March 6, 2023
Outros exemplos
A Deep Agency não é a primeira do mercado. No Japão, a empresa DataGrid usa GANs (Redes Adversárias Generativas, na sigla em inglês) – um tipo de aprendizado de máquina – para criar modelos digitais. A empresa oferece diferentes opções de pose para chegar o mais próximo possível de modelos reais.
Outras personas criadas artificialmente também já conquistam espaço no mercado. Um exemplo é a modelo Shudu Gram, da África do Sul, que trabalha como modelo virtual.
https://www.instagram.com/p/Ciael8bo0QI/?hl=en
Outro case de sucesso é Miquela Sousa, a modelo e influencer que reúne mais de 2,8 milhões de seguidores no Instagram.
https://www.instagram.com/p/CpS81tcvzkR/
Miquela já posou para Prada e Givenchy, apareceu em um vídeo da Calvin Klein com Bella Hadid e lançou uma música com Teyana Taylor – tudo sendo uma modelo criada por IA.