Moléculas orgânicas em Marte: os detalhes da nova descoberta do Perseverance

Os possíveis orgânicos encontrados na cratera Jezero não necessariamente são sinal de vida; entenda
rover perseverance na cratera jezero
Imagem: NASA/Divulgação

O rover Perseverance, da NASA, encontrou diversas moléculas orgânicas na cratera Jezero, em Marte. A conclusão é de uma equipe internacional de cientistas que analisou dados do robô e publicou suas descobertas na última quarta-feira (12), em um estudo na revista Nature.

Os pesquisadores ainda não puderam identificar a presença de compostos orgânicos específicos nas amostras coletadas pelo Perseverance. Eles afirmam que, para isso, precisam aguardar que as amostras retornem à Terra – o que está programado para acontecer apenas em 2033 (entenda neste texto do Giz Brasil como a NASA pretende fazer isso.)

Compostos orgânicos são feitos de átomos de carbono geralmente ligados a hidrogênio e outros elementos, como oxigênio ou nitrogênio. Eles são pistas importantes para os astrobiólogos, porque podem indicar a presença de vida em um local. Por outro lado, eles também podem ser resultado de processos geológicos — ou seja, não biológicos. 

Por isso, investigações futuras devem analisar as amostras para confirmar a presença dos orgânicos, descobrir como surgiram e avaliar se podem ou não estar ligados à vida marciana. 

“Como cientistas planetários e astrobiólogos, somos muito cuidadosos ao fazer reivindicações”, disse Sunanda Sharma, autora do estudo e pesquisadora do California Institute of Technology (EUA), ao Space.com. “Alegar que os orgânicos são possíveis bioassinaturas é uma hipótese de último recurso, o que significa que precisamos descartar qualquer fonte não biológica.”

Do Perseverance para os cientistas

O rover Perseverance está em Marte desde 2021. Ele explora a cratera Jezero, de 45 quilômetros de largura, ao norte do equador marciano. Trata-se de uma área que, os cientistas acreditam, já esteve inundada com água. Ela teria abrigada um lago que se formou há 3,5 bilhões de anos. 

O robô coletou amostras de duas formações rochosas na cratera Jezero, batizadas Máaz e Séítah, de 2,3 bilhões a 2,6 bilhões de anos atrás. Então, o SHERLOC entrou em ação. Ele é um dos instrumentos a bordo do rover, e a primeira ferramenta em Marte que pode mapear e analisar moléculas orgânicas em detalhes.

Segundo a NASA, o instrumento usa câmeras, espectrômetros e um laser para procurar compostos orgânicos e minerais ligados a ambientes aquosos no passado do planeta – como na cratera Jezero, por exemplo. De acordo com a agência, esses elementos são importantes pois podem ser indícios de antiga vida microbiana.

O SHERLOC ilumina amostras coletadas pelo Perseverance com luz ultravioleta, e o brilho de uma molécula pode ajudar a identificá-la. Ele examinou 10 alvos nas formações rochosas, e os cientistas analisaram os dados resultantes.

A equipe identificou que os possíveis sinais orgânicos diferem em tipo, número de detecções e distribuição. Isto sugere que eles podem ter se originado de vários minerais e mecanismos de formação, preservação e transporte diferentes na superfície do Planeta Vermelho.

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