Cientistas querem usar IA para caçar vida em Marte

O mecanismo pode coletar amostras em diferentes formações geológicas e relevos, até mesmo geleiras e vales. Entenda mais dessa nova pesquisa
El Niño Atacama
Imagem: Blackstone Resources/Reprodução

A busca por vida em Marte ganhou um novo aliado: uma IA (inteligência artificial) que parece ser capaz de reconhecer experiências de seres vivos em outros planetas. 

O desenvolvimento do modelo de aprendizado de máquina partiu do Instituto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre, na sigla em inglês), com ajuda de cientistas da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, e da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo os pesquisadores, o mecanismo pode coletar amostras em diferentes formações geológicas e relevos. Por outro lado, também usa métodos de sensoriamento remoto para caçar sinais de vida alienígena. 

Os primeiros testes indicam que a tecnologia tem tudo para ser promissora. Nos experimentos, a IA mapeou formas de vida microscópicas no Salar de Pajonales (foto), uma planície de sal no deserto do Atacama, no Chile. 

A escolha do local não se deu ao acaso: a região é muito parecida com a paisagem seca e árida de Marte. Fica em alta altitude e recebe um alto grau de radiação ultravioleta. Apesar de ser “altamente inóspito”, há seres microscópicos vivendo lá. 

Como foi o experimento

Os cientistas levaram o modelo para Salar de Pajonales para descobrir se a máquina encontraria seres vivos mesmo em um local tão peculiar. Deu certo: ao combinar estatísticas ambientais com IA, o sistema detectou bioassinaturas (traços de vida) em até 87,5% do tempo. 

Ao todo, a equipe coletou quase oito mil imagens e mais de 1.000 amostras que detectaram micróbios fotossintéticos nas cúpulas de sal, rochas e cristais do Salar de Pajonales. Esses microrganismos secretam sinais na escala de detecção de vida da NASA

Cientistas querem usar IA para caçar vida em Marte

Mapas de probabilidade de bioassinatura de modelos de rede neural convolucional e dados estatísticos da IA do Instituto SETI, Universidade Johns Hopkins e Universidade de Oxford. Imagem: K. Warren-Rhodes/Reprodução)

Para aumentar a eficácia das buscas por vida em Marte, o programa é capaz de reduzir a área necessária para pesquisa em até 97%. Sobretudo, esse “zoom” pode ajudar os cientistas a aproximar a busca por possíveis vestígios químicos de vida. 

A expectativa, agora, é que a IA ajude missões planetárias robóticas, como o rover Perseverance, na busca por vida extraterrestre, disse a equipe em artigo publicado na revista Nature no começo de março. 

“Com esses modelos, podemos projetar roteiros e algoritmos personalizados para guiar rovers a lugares com maior probabilidade de abrigar vida passada ou presente – não importa o quão escondidos ou raros sejam”, disse Kim Warren-Rhodes, do SETI. 

Por enquanto, os pesquisadores continuarão o treinamento da IA em Salar de Pajonales. Posteriormente, porém, a ideia é mapear fontes termais, solos congelados e rochas em vales secos. O objetivo é ensinar a IA a aprimorar habitats potenciais e outros ambientes da Terra antes de explorar outros planetas. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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