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“Mortal Kombat” exclusivo: Ed Boon, criador do game, conta novidades do futuro da franquia

O Giz Brasil entrevistou com exclusividade o cara que ajudou a desenvolver um dos jogos de luta mais históricos de todos os tempos. Confira as novidades e suas preferências do Mortal Kombat!

Ed Boon, o criador do histórico game “Mortal Kombat”, esteve entre nós no final de semana como um dos convidados internacionais da CCXP23, em São Paulo. O Giz Brasil bateu um papo exclusivo com o desenvolvedor norte-americano de 59 anos sobre a franquia, as novidades da versão mais recente e o futuro do MK. Acompanhe abaixo!

Introdução ao “Mortal  Kombat”

Anteriormente, em setembro, a Warner Bros. Games lançou “Mortal Kombat 1”, o 12º jogo de uma das franquias mais celebradas nos jogos de luta de todos os tempos. O novo título trouxe um universo completamente novo para os fãs. E mudou vários aspectos que já estavam estabelecidas há mais de 30 anos.

O game traz de volta personagens como Kung Lao, Jhonny Cage, Scorpion, Sub-Zero. Porém, com versões e histórias de origem completamente novas, graças aos eventos de MK11, quando Liu Kang se tornou o “deus do fogo”. A partir daí, o icônico personagem pôde recriar o universo inteiro à sua maneira.

Embora tenha cara de reboot, o jogo está mais para uma continuação com um universo renascido, graças a uma “intervenção divina”.

A franquia se iniciou em 1992, quando uma equipe de quatro desenvolvedores criou um dos títulos mais icônicos da indústria dos games. Inicialmente, a ideia era adaptar o longa “O Grande Dragão Branco” para os jogos. Poreém, um imbróglio com a produção do filme e o ator Jean-Claude Van Damme, fizeram a equipe mudar os planos.

A entrevista de Ed Boon

Um dos quatro integrantes do time que desenvolveu o primeiro jogo é Ed Boon, que segue apaixonado pela franquia como se ainda estivesse trabalhando em seu primeiro jogo. Confira suas opiniões e planos:

O “recomeço” do game

O Giz Brasil começou a conversa falando sobre o título mais recente, que após onze games, como dissemos anteriormente, teve o universo completamente recriado do zero. Em contrapartida, não foi lançado como “Mortal Kombat 12” como os rumores apontavam. Ao invés disso, a equipe criativa optou por seguir um caminho diferente e, Boon nos contou o motivo da decisão.

Ed Boon: “ ‘Mortal Kombat 1’ é, na verdade, o décimo segundo jogo da franquia. Antes disso tínhamos 11 jogos de Mortal Kombat contando basicamente a mesma história. Nós decidimos que era hora de começar algo novo. Então combinamos uma história completamente nova com os personagens que as pessoas já amam — Scorpion, Sub-Zero, Raiden, Liu Kang –, mas também os colocamos em papéis diferentes. É por isso que começamos a chamar o jogo de ‘Mortal Kombat 1’, uma nova história com os personagens que os jogadores amam há tanto tempo.”

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Volta de personagens clássicos

Durante o painel de “Mortal Kombat” no palco Thunder da CCXP23, foram anunciadas as chegadas de Quan-Chi, descrito por Boon como um “ personagem histórico” da franquia, como novo personagem jogável, e Khameleon, como novo cameo fighter — uma espécie de assistente de batalhas.

Dessa forma, o criador da franquia nos contou que é sempre bom ver o retorno de personagens clássicos à franquia e que mais personagens e cameo fighters continuarão sendo incluídos no jogo no futuro.

Ed Boon: “Quan Chi vem sendo um dos personagens favoritos dos jogadores há bastante tempo. Nós o apresentamos em “Mortal Kombat 4”, então realmente faz muito tempo. Nós também não o tínhamos visto por um longo período, então é legal vê-lo retornar à franquia. Já Khameleon é uma personagem que estava em “Mortal Kombat Trilogy” então é sempre bom adicionar personagens assim ao jogo. O jogo terá ainda mais opções para os jogadores. Continuaremos fazendo isso e teremos mais personagens jogáveis, mais cameo fighters.”

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Personagens de universos diferentes

Outro anúncio feito durante o painel foi a chegada do Pacificador, que terá voz e aparência do ator John Cena, ao jogo. O personagem era algo um pouco “lado B” da editora DC. Porém, ganhou muita popularidade após o longa “O Esquadrão Suicida”, de James Gunn.

Além de Pacificador, a franquia Mortal Kombat tem um longo histórico de contar com personagens de outros universos. A série já teve Kratos, de “God of War”, Freddy Krueger, de “A Hora do Pesadelo”, T-800 de “O Exterminador do Futuro”,  John Rambo, da franquia “Rambo”, entre outros. No jogo mais recente, por exemplo, ainda temos Capitão Pátria, de “The Boys”, e Omni-Man de “Invincible”.

Embora seja um pouco estranho para quem não está familiarizado com o MK, a presença de personagens de universos bem diferentes já se tornou até mesmo uma tradição na franquia. Questionado sobre como ocorreu esta escolha, Ed Boon revelou que o processo não tem nada de especial, é mais como uma conversa entre bons amigos.

Ed Boon: “O processo de escolha é o mesmo de você com seus amigos que se pergutam ‘quem seria legal de ver no ‘Mortal Kombat’? Não tem nada de muito incomum. Nós apenas conversamos entre nós: ‘O Capitão Pátria seria legal? O Omni-Man seria legal? O Pacificador seria legal?’. Nós precisamos correr atrás de acordos porque estes personagens pertencem a diferentes proprietários, mas a maior parte deste processo somos só nós conversando casualmente sobre quais personagens gostariam de ver em Mortal Kombat. Não existe nenhuma ciência especial sobre disso.”

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O segredo da relevância de MK

Não é qualquer franquia que sobrevive 30 anos se mantendo no topo como uma das mais influentes e relevantes de seu gênero. Nesse sentido, Boon afirmou ao Giz que o sucesso duradouro se deve à cultura da equipe por trás dos jogos de sempre buscar inovar a cada novo título lançado.

Ed Boon: “Acho que muito disso se deve ao fato de que em cada novo game, nós nos preocupamos em trazer algo novo. Por exemplo, em “Mortal Kombat X” nós temos variações de personagens, então temos três Scorpions, três Sub-Zero e assim por diante. Em ‘Mortal Kombat 11’, nós deixamos os jogadores criarem seus próprios personagens e em ‘Mortal Kombat 1’ temos os cameo fighters. Assim, em todos os games nós adicionamos alguma novidade. Eu acho que esta é uma das razões pelas quais após mais de 30 anos a franquia segue de pé.”

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Um futuro com experimentações

Ainda falando sobre este espírito de trazer novidades em todos os games, questionamos o criador da franquia sobre o que ele gostaria de explorar e ver em games futuros da série e sua intenção aparentemente é revisitar um dos jogos mais diferentes da franquia.

Ed Boon: “Tenho vontade de explorar um outro gênero de games novamente. Nos anos 2000 tivemos ‘Mortal Kombat Shaolin Monks’, que era um jogo de ação e aventura com dois personagens, Liu Kang e Kung Lao. Eu gostaria muito de fazer algo parecido, mas com a tecnologia atual, sabe? Os sistemas de games são muito melhores do eles eram na época, então eu adoraria fazer um jogo de ação de aventura ou um RPG de ação no futuro.”

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Carinho por Scorpion

Ao longo das últimas três décadas “Mortal Kombat” já teve doze jogos e também foi adaptado para o cinema em três ocasiões, a mais recente foi comandado pelo diretor Simon McQuoid em 2021. Ou seja, o MK é um dos maiores ícones da cultura pop e possui vários personagens muito populares entre o público.

Como fã de “Mortal Kombat”, a reportagem do Giz Brasil revelou seu personagem favorito (Scorpion). Depois que ouviu isso, Ed Boon revelou que também tem um carinho especial pelo personagem, que está presente na franquia desde o jogo original.

Ed Boon: “Scorpion é um dos primeiros personagens que nós colocamos no primeiro jogo e, como você sabe, é minha voz dizendo ‘get over here’ (venha aqui), então tenho várias memórias associadas ao personagem, por isso ele é certamente meu personagem favorito.”

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O comecinho do game

Como dissemos no início, a ideia inicial da equipe era produzir um jogo baseado no filme estrelado pelo ator Jean-Claude Van Damme, mas as coisas não ocorreram como o planejado. Além disso, o título foi produzido em um tempo inimaginável para os padrões atuais da indústria.

Boon revelou que não fazia ideia de que o primeiro game se tornaria um sucesso tão grande e que não tinha a pretensão de criar o próximo grande ícone do gênero de jogos de luta. Assim, durante o processo de desenvolvimento, ele afirmou que a única preocupação da equipe era entregar o projeto dentro do prazo.

Ed Boon: “Nós estávamos apenas tentando desenvolver um jogo em um período muito curto de apenas oito meses. Tínhamos somente quatro funcionários em toda a equipe e agora temos centenas. Nós estávamos apenas tentando finalizá-lo a tempo e não imaginávamos que estaríamos falando sobre ele trinta anos depois.”

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Como surgiram os “fatalities”

Uma das maiores marcas de Mortal Kombat são os fatalities que, para quem não está habituado com a franquia, trata-se da possibilidade de, literalmente, matar o oponente após cada luta. As cenas são exibidas sem qualquer pudor em sequências bastante gráficas nada recomendadas para quem tem estômago fraco.

Desse modo, quando questionado de onde veio a ideia para implementá-los nos jogos, Boon nos contou que a inspiração surgiu em uma outra popular franquia de jogos de luta: “Street Fighter”, da Capcom.

Ed Boon: “Na verdade a ideia veio de algo que tínhamos em ‘Street Fighter’ na época. O jogo tinha  uma mecânica de que, se você batesse muito em um personagem ele iria ficar meio tonto então você poderia atingi-lo sem que houvesse resistência. Eu adorava poder bater no outro cara, mas odiava quando era eu a ser golpeado sem chance de me defender. Então, alocamos a parte da “tontura” para o fim das lutas para deixar o jogador dar um gancho ou outro golpe. Com o tempo nos perguntamos ‘e se adicionássemos algo mais no final das lutas?’. Como as lutas já acabaram, os jogadores não ficariam chateados em ser golpeados. Foi aí que pensamos na possibilidade de matar o oponente.”

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O Brasil impressiona

O criador de Mortal Kombat também falou sobre os fãs brasileiros, que são realmente apaixonados pela franquia. Boon afirmou que gosta muito da “energia e da paixão” do publico e que todas as vezes que vem ao Brasil, fica impressionado com o amor dos fãs pela franquia.

Ed Boon: “Não acho que tenha visto amor maior por ‘Mortal Kombat’ em outro lugar no mundo. Estive aqui cinco ou seis vezes e em todas elas fiquei impressionado com o quanto os brasileiros amam a franquia. É algo realmente inspirador.”

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A estreia de Quan Chi

Então temos as estreias! Anunciado no painel de Mortal Kombat no último dia de CCXP23, Quan Chi chega ao game a partir de 14 de dezembro. Já Khameleon está previsto para chegar ao game em 2024. Por fim, o Pacificador deve demorar mais um pouquinho para fazer sua grande estreia. O personagem está previsto apenas para fevereiro do ano que vem.

 

Vinicius Marques

Vinicius Marques

É jornalista, vive em São Paulo e escreve sobre tecnologia e games. É grande fã de cultura pop e profundamente apaixonado por cinema.

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