Mudanças climáticas: cientistas temem liberação de bactérias presas no gelo
Cerca de 10% da superfície terrestre é coberta por gelo. O planalto tibetano, na Ásia Oriental, abriga a maior área de geleiras de baixa latitude. Porém, todo o território congelado está suscetível ao avanço das mudanças climáticas.
O aumento das temperaturas não é perigoso apenas para espécies que habitam esses locais. Cientistas temem que o derretimento de geleiras libere bactérias desconhecidas no ambiente, que poderiam causar danos à saúde humana. A preocupação foi relatada em artigo publicado na revista Nature Biotechnology.
Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências coletaram amostras de neve e gelo de 21 geleiras tibetanas entre os anos de 2010 e 2016. Depois, derreteram as porções e analisaram a água, descobrindo um mundo microscópico inteiramente novo.
Foram identificadas 968 espécies de bactérias, das quais 98% nunca haviam sido vistas antes. Por serem desconhecidas, os cientistas não sabem se elas apresentam risco de infecção para humanos e animais.
De toda forma, o gelo deve derreter como consequência das mudanças climáticas, pegando carona nas águas de rios e lagos e chegando em áreas povoadas. As geleiras do Tibete, por exemplo, podem afetar regiões da China e da Índia. Se os humanos não tiverem resistência a tais bactérias do passado, há risco de surgimento de epidemias e até pandemias.
Mas o tempo ainda não se esgotou. Os pesquisadores sugerem que estudos acerca desses novos micróbios sejam iniciados imediatamente. A ciência deve manter as bactérias no radar, entendendo o nível de ameaça e se preparando para possíveis impactos.