Mulher sofre envenenamento por mercúrio ao usar creme para clareamento de pele

Mulher usava creme para claramento de pele importado do México; o problema é que o produto continha mercúrio, o que causou graves consequências a ela.
Mãos com creme na palma
Marco Verch/Flickr/Creative Commons

O ritual de beleza de uma mulher causou uma intoxicação severa por mercúrio e danos neurológicos irreversíveis, dizem seus médicos em um estudo de caso recente publicado pelo CDC (Centro para Prevenção e Controle de Doenças dos EUA) neste mês.

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A situação da mulher de 47 anos foi detalhada no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade do CDC, um documento sobre saúde pública com casos coletados de departamentos de saúde e médicos locais.

Segundo o relatório, a moradora de Sacramento, na Califórnia, procurou atendimento médico em julho, quando seus braços desenvolveram espasmos musculares involuntários e ficaram extremamente fracos. Nas duas semanas seguintes, ela ficou ainda pior e parou de falar, andar e a enxergar normalmente, o que levou à sua hospitalização. No hospital, ela teve delírio, um estado grave de confusão mental.

Duas semanas após sua hospitalização, testes de sangue mostraram que ela apresentava níveis incrivelmente altos de mercúrio. Seu sangue continha mais de 1.000 vezes o nível de mercúrio em comparação à média das pessoas. Entrevistas com a família logo depois revelaram que a mulher usava cremes para clareamento da pele trazidos do México há pelo menos sete anos.

O mercúrio é popular há muito tempo como ingrediente em cremes clareadores porque pode impedir que as células da pele produzam melanina. Mas sua toxicidade levou países do mundo todo a proibir ou restringir estritamente o uso em produtos cosméticos, como o Brasil e os EUA. No entanto, as empresas no México e muitos outros países ainda adicionam mercúrio aos cremes para a pele.

O problema da paciente foi ainda mais grave, pois foi encontrado no seu creme mercúrio orgânico, em vez do mercúrio inorgânico normalmente adicionado a esses produtos. O mercúrio orgânico é mais tóxico para o corpo humano em doses menores, especialmente para o cérebro, e as vítimas têm muito menos probabilidade de se recuperar assim que os sintomas neurológicos aparecerem. Esses sintomas, como no caso da mulher, podem levar meses a anos de exposição para se manifestar.

Isso não quer dizer que os produtos para cuidados com a pele feitos com mercúrio inorgânico também sejam seguros. Eles têm sido associados a danos nos rins, erupções cutâneas, cicatrizes, além de depressão e psicose. Mas o mercúrio inorgânico é mais fácil de limpar através da terapia de quelação, uma técnica para retirar metais tóxicos do corpo, como mercúrio orgânico e inorgânico.

Neste caso, os médicos começaram a quelação assim que descobriram mercúrio no sangue dela. Mas, apesar da terapia prolongada com quelação, escreveram os autores, a mulher não recuperou a capacidade de falar e é incapaz de “cuidar de si mesma, exigindo alimentação contínua por sonda para suporte nutricional”.

Segundo os autores, este é o primeiro caso de intoxicação por mercúrio orgânico ligado a cremes de clareamento de pele já documentado, e o primeiro caso de envenenamento vinculado a uma forma específica de mercúrio orgânico chamada metilmercúrio.

A fonte original do mercúrio orgânico no creme utilizado pela mulher ainda é desconhecida, escreveram os autores, mas as autoridades de saúde da Califórnia estão testando amostras de outros cremes de clareamento de pele com mercúrio. Eles também estão “investigando o caso de um membro da família com exposição provável, mas com doenças menos graves”.

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