Não é só a água: ar do Cerrado também está contaminado com agrotóxicos
Um recente estudo realizado pelo Instituto Federal Goiano revelou que a contaminação por agrotóxicos não se limita apenas à água. De acordo com a pesquisa, a presença de glifosato, um herbicida amplamente utilizado, afeta a qualidade do ar no Cerrado.
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e o segundo maior bioma do Brasil, compreendendo cerca de 22% do território brasileiro.
O estudo foi conduzido em uma Área de Preservação Permanente (APA) em Caiapônia, município do interior de Goiás. Assim, o levantamento revelou uma redução significativa de células vivas e um aumento proporcional de células mortas nos líquens, atribuídos à exposição prolongada e à concentração do glifosato.
Os líquens são organismos formados por fungos e algas, que servem como bioindicadores da qualidade atmosférica. Além disso, o estudo constatou-se que o processo de fotossíntese dos líquens foi comprometido pelo herbicida, o que pode ter implicações profundas na ecologia local.
Agrotóxicos em águas subterrâneas e correntes de ar
Os pesquisadores suspeitam que a dispersão do glifosato ocorre por meio do efeito de deriva. Onde os agrotóxicos são transportados por águas subterrâneas e correntes de ar, alcançando áreas distantes do alvo original da pulverização.
Isso levanta preocupações dos cientistas, já que o aumento do uso de transgênicos e a expansão das áreas de monocultivo no Cerrado, o uso de agrotóxicos, incluindo o glifosato, atingiu proporções alarmantes.
Consequências brutais
Além das consequências para a qualidade do ar, pesquisas indicam que o glifosato e outros componentes de herbicidas podem ser cancerígenos. Assim, o estudo reforça a importância de práticas agrícolas mais sustentáveis e da implementação de medidas que reduzam o impacto desses produtos químicos nas áreas naturais sensíveis do Brasil.
Não é apenas no cerrado que a população enfrenta altos níveis de agrotóxicos. Um levantamento do site Repórter Brasil mostrou que 210 municípios brasileiros foram identificados com uma mistura alarmante de 27 tipos de agrotóxicos em suas fontes de água potável no último ano.
Além disso, em 28 municípios, os testes realizados apontaram a presença desses agrotóxicos em níveis que ultrapassam os limites considerados seguros pelo Ministério da Saúde. São eles:
Os dados foram compilados a partir do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua).