Não é só o Discord: confira as redes sociais mais tóxicas da internet

Veja outras plataformas que podem servir como ferramentas para criminosos
Não é só o Discord: confira as redes sociais mais tóxicas da internet
Imagem: Unsplash/Reprodução

A reportagem de domingo (25) do Fantástico expôs o ambiente perverso que coloca o Discord como uma ferramenta útil para predadores sexuais que buscam meninas menores de idade.

Na investigação, jornalistas mostraram como criminosos violentam, humilham e exploram sexualmente crianças e adolescentes. Mas essa é só a ponta do iceberg em uma internet cada vez mais perigosa aos menores.

Um estudo da ExpressVPN, serviço de rede privada virtual, divulgado no início do ano, mostrou que muitos outros sites e aplicativos de chamadas de vídeo e voz têm sido utilizados como instrumentos para facilitar crimes e golpes, como plataformas de games e redes sociais.

O levantamento entrevistou cerca de 2.000 famílias do Reino Unido e dos EUA. Os entrevistadores questionaram crianças e adolescentes sobre os maiores problemas online e em quais canais de comunicação. As principais questões informadas por elas foram:

  • 34% relataram que o maior problema são as “pessoas hostis e/ou xingamentos”
  • 31% falaram sobre “vídeos assustadores”
  • 26% citaram as “fotos assustadoras”

Para os menores, o bullying ficou em quarto lugar entre as “piores coisas da internet”, com 22% das respostas. Este, porém, foi o problema mais notável entre os pais e responsáveis das crianças. Veja o que eles responderam:

  • 59% disseram que o maior problema da internet é o bullying 
  • 45% se disseram mais preocupados com a corrupção de menores
  • 43% relataram preocupação com “imagens e vídeos ofensivos”

Além disso, crianças afirmaram já terem sido abordadas por “estranhos” lhes pedindo “informações inadequadas”. As abordagens foram as seguintes:

  • 17% disseram que uma pessoa desconhecida da internet perguntou o nome da escola
  • 14% relataram que estranhos pediram seus endereços

Quais são as outras redes que oferecem riscos?

O game Fortnite, a plataforma de jogos Roblox e o YouTube foram alguns dos canais online considerados mais perigosos para as crianças quando se trata de casos de assédio, segundo a pesquisa. As próprias famílias mencionaram esses canais como “preocupantes”.

Nos EUA, 43% colocaram o YouTube como a rede social com “maior potencial de risco”. No Reino Unido, o Roblox lidera a lista, sinalizado por 34% dos entrevistados. TikTok, Facebook e Instagram também aparecem no ranking de plataformas com mais perigo aos menores.

YouTube, TikTok, Instagram e Facebook não permitem que as crianças que declaram ter menos de 13 anos criem contas. Mas o Roblox, por exemplo, não exige especificação de idade.

O problema é que muitas crianças e adolescentes mentem a informação para usar as plataformas. Um quarto das crianças consultadas no levantamento declarou ter mentido sobre a sua idade online (24% delas).

O problema do Discord

O Discord é um aplicativo de voz lançado em 2015 criado, inicialmente, para que usuários pudessem conversar por áudio e vídeo enquando jogavam em partidas online.

Mas o destaque da plataforma são os servidores, uma vez que qualquer usuário pode criar uma dessas “salas” para discutir os mais variados assuntos. Ali podem entrar inúmeros usuários que conversam ao mesmo tempo em canais de voz ou texto.

É aí que entra o perigo. Muitos servidores podem reunir pessoas mal-intencionadas – ou, dependendo do caso, criminosas. Em abril, o programa da Rede Globo mostrou o potencial do Discord de envolver jovens em um submundo de violência extrema.

Segundo a reportagem, a falta de monitoramento e a dificuldade de fiscalização abrem caminho para crimes na plataforma, como crueldade contra animais e incentivo à automutilação. Abaixo, em vídeo do UOL no YouTube, especialistas discutem sobre a polêmica.

Agora, a investigação revelou novos crimes. “Tratam-se de criminosos, muitos maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”, disse à reportagem do Fantástico a promotora Maria Fernanda Balsalobre.

Ao cair na rede de um criminoso, a vítima é chantageada e obrigada a cumprir desafios. Se não aceitar, os criminosos ameaças vazar fotos íntimas na web. Essa é apenas uma das estratégias criminosas descobertas.

O que o Discord diz sobre isso

Em resposta a questionamento do Giz Brasil por e-mail, o Discord enviou uma nota comentando o assunto e explicando as medidas de segurança que está tomando para conter o avanço dos crimes.

“Por meio de nossos esforços em combater as ameaças à segurança infantil, nós proativamente removemos 98% das comunidades que identificamos nos últimos seis
meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil”, afirma o documento.

O informe também diz que, atualmente, mais de 15%” da equipe do Discord se dedica à segurança. Segundo a plataforma, no Brasil, 99,9% das comunidades na rede social nunca violaram as políticas do aplicativo.

“Temos cuidado especial com os usuários brasileiros e estamos ativamente buscando parcerias no Brasil com pessoas e entidades especializadas em temas de segurança infantil”, acrescenta a empresa no comunicado à imprensa. O posicionamento é assinado por Clint Smith, Diretor de Política e Segurança do Discord.

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