Após uma revisão independente, o telescópio espacial James Webb, da NASA, recebeu mais um atraso no início de sua missão. Dessa vez, a agência mudou o lançamento de maio de 2020 para março de 2021.
Se você está com a sensação de que já ouviu falar de atrasos relacionados a esse telescópio, é porque já aconteceu vários mesmo. Foram alguns atrasos anuais e ajustes de orçamento desde o início do desenvolvimento, em 1996. A NASA solicitou, então, uma revisão independente em abril de 2018, e agora os resultados foram liberados.
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A revisão identificou cinco tipos de problemas que atingiram o projeto. Foram erros humanos, problemas de incorporação não identificados durante inspeções e testes, falta de experiência, otimismo excessivo e a complexidade do sistema. O presidente do conselho de revisão, Tom Young, ressaltou a dificuldade de trabalhar com peças com as quais nunca ninguém trabalhou, como o Sunshield, um novo sistema de proteção solar que vai filtrar a radiação vinda do Sol.
Além disso, o relatório destaca erros que causaram atrasos. Isso inclui, por exemplo, uma ocasião em que alguém usou um solvente errado para limpar as válvulas do sistema de propulsão. As válvulas, então, tiveram de ser substituídas e consertadas para depois voltarem para o sistema. Outros erros incluem testes de cabeamento que forneceram muita voltagem a peças acústicas e travas que não foram apertadas o suficiente, fazendo com que pedaços da estrutura se soltassem e caíssem do telescópio durante os testes.
A presidência do conselho concluiu que, devido à importância científica e nacional do telescópio James Webb, sua construção deveria continuar apesar desses contratempos.
Eles ainda fizeram 32 recomendações de como o projeto deveria seguir adiante, incluindo auditorias, mudanças sobre quem é responsabilizado por certos aspectos do projeto, planejamento de como o telescópio será transportado até o local de lançamento e o aumento da equipe de testes do telescópio.
O atraso vai custar mais US$ 800 milhões no desenvolvimento do telescópio, totalizando um valor de US$ 8,8 bilhões. Isso faz com que o custo total do telescópio, considerando seu tempo de vida, chegue a US$ 9,66 bilhões.
Esse telescópio tem objetivos muito ambiciosos por ser uma das principais missões da NASA. A ideia é que ele possa explorar exoplanetas, estudar galáxias mais distantes da nossa, além de outros projetos.
A nova data, março de 2021, não leva em conta atrasos de certos problemas, como com o novo Sunshield, ou outras novas questões que possam aparecer. No entanto, as recomendações têm como objetivo tentar resolver esses problemas proativamente para não afetar de forma significativa a programação, disse Young. Terão mais atrasos? É impossível dizer com certeza, mas Young considera que, se as recomendações forem implementadas com rigor, existe uma “alta probabilidade de que elas evitarão atrasos significativos”.
Como o Congresso, a presidência dos EUA e outras partes envolvidas vão lidar com isso? Bem, ainda é cedo para dizer, segundo Thomas Zurbuchen, administrador associado do diretório de missões científicas da NASA. “A ciência é envolvente e continua da mesma forma conforme seguimos adiante.” Um subcomitê do congresso questionou a NASA recentemente pelo número de atrasos.
Então, por ora, nada de telescópio James Webb, mas talvez a nova recomendação seja tornar a data de março de 2021 como viável para o lançamento.
Imagem do topo: Concepção artística do telescópio espacial James Webb. Crédito: Northrop Grumman/Flickr