NASA se prepara para desviar asteroide e evitar um “Armageddon”
A NASA está iniciando os preparativos finais para a primeira tentativa de desviar a rota de um corpo celeste. No dia 26 de setembro, a sonda DART deve colidir deliberadamente com um asteroide em uma órbita próxima da Terra.
A missão consiste em testar um método de defesa planetária contra asteroides, para o caso de, no futuro, for encontrado um objeto em rota de colisão com o nosso planeta. Em vez de bombas nucleares, como visto no filme “Armageddon”, de 1998, a NASA pretende utilizar uma técnica chamada de “impacto cinético”.
O objetivo é causar uma pequena colisão de uma sonda contra a superfície de um asteroide. A ideia não é destruir o corpo celeste — como no filme –, mas produzir um impacto com força suficiente para desviar ligeiramente a trajetória do asteroide.
Dessa forma, se um asteroide perigoso for detectado longe da Terra, e com uma certa antecedência, essa pequena mudança seria o suficiente para levar o objeto para longe do nosso planeta.
O alvo escolhido para essa missão é um asteroide binário – formado por um corpo maior, chamado Didymos (de 780 metros de diâmetro), e um menor, Dimorphos (de 160 metros) – que se aproximam a 6,8 milhões de km da Terra.
A colisão será no corpo menor, com o “peteleco” da NASA fazendo ele mudar sua órbita ao redor do Didymos.
A missão da NASA contra asteroides
A sonda DART foi lançada em novembro do ano passado, com a ajuda do foguete Falcon 9, da SpaceX. A manobra final da espaçonave será iniciada no próximo dia 25 de setembro – cerca de 24 horas antes do impacto.
Como o impacto ocorrerá longe do nosso planeta, a DART precisará navegar no espaço por conta própria, com o sistema fazendo as correções de trajetória de forma autônoma, sem qualquer intervenção humana. A expectativa da NASA é que a sonda acerte o alvo com uma precisão de até 2 km.
Ao se aproximar do asteroide duplo, a espaçonave – do tamanho de um carro e pesando 500 kg – deve liberar o cubesat LICIACube, antes de atingir Dimorphos a uma velocidade de 6,6 km/s – quase 24 mil km por hora.
De acordo com simulações, o impacto deve gerar uma explosão equivalente a 3 toneladas de TNT, com essa força sendo o suficiente para alterar a órbita do pequeno asteroide em apenas 4,2 minutos. Isso empurrará Dimorphos um pouco mais perto de Didymos, diminuindo seu período orbital de 11,9 para 11,8 horas.
O impacto será observado pelo cubesat, assim por telescópios e radares na Terra. Os dados coletados serão analisados e comparados com as simulações de computador, para que seja possível criar modelos mais detalhados de como desviar asteroides por meio de impactos cinéticos.
Cerca de quatro anos depois desse impacto, a Agência Espacial Europeia (ESA) pretende pousar duas sondas espaciais em Dimorphos. O objetivo é verificar mais de perto se a missão DART realmente funcionou.
Por mais que Didymos e Dimorphos não representem um perigo real para a Terra, a missão demonstrará que uma nave pode navegar de forma autônoma e produzir uma colisão para desviar um potencial asteroide em rota de impacto com a Terra.
No vídeo abaixo é apresentada uma simulação com a jornada da sonda DART até o pequeno Dimorphos.