O tártaro encontrado nos dentes de um esqueleto de neandertais aponta que os primos do Homo Sapiens podem ter sido exclusivamente carnívoros – pelo menos na região onde hoje fica a Espanha.
Essa era uma dúvida recorrente sobre a espécie que conviveu com os humanos modernos por pelo menos 14 mil anos antes de desaparecer completamente. O que se sabe até agora é que eles caçavam grandes animais, colhiam plantas, controlavam o fogo e até faziam decorações e desenhos em suas cavernas.
O estudo liderado pela Universidade Pompeu Fabra, da Espanha, e publicado na revista PNASna segunda-feira (17) usa um método inédito para analisar a arcada dentária.
Os pesquisadores observaram a quantidade de isótopos de zinco no esmalte dos dentes, um mineral resistente a todas as formas de degradação. Quanto menos isótopos de zinco nos ossos, maior a probabilidade de terem pertencido a um carnívoro.
Dito e feito: os resultados mostraram que o neandertal analisado provavelmente se alimentava quase exclusivamente de carne – e não consumia o sangue de suas presas.
Isso quer dizer que todos os neandertais eram carnívoros? Ainda não há 100% de certeza, apesar de ser um indício importante. O estudo analisou esqueletos de neandertais da região de Gabasa, ao norte da Espanha. Logo, é possível deduzir que os neandertais que viviam ali consumiam bastante carne.
Comiam medula óssea e viviam sempre no mesmo local
O tártaro nos dentes dos neandertais também aponta para outras descobertas interessantes. Os primos do humano moderno paravam de mamar antes dos dois anos de idade e, provavelmente, nasciam e morriam no mesmo local.
Além disso, ao cruzar os ossos quebrados encontrados na região com dados químicos, os pesquisadores identificaram que esses indivíduos comiam a medula óssea de suas presas, mas não consumiam os ossos. A medula óssea é o material mole dentro do osso. Até hoje, muitas culturas a consideram uma iguaria culinária.
Agora, outra pesquisa vai confirmar se os neandertais eram 100% carnívoros, ou não. O estudo deve repetir o experimento com esqueletos de outros locais. Os testes já começaram na França.
Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps
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