Netflix chega ao Brasil e traz filmes ilimitados a R$ 14,99 por mês: o que você precisa saber

O serviço que mudou um bocado a maneira com que os americanos assistem filmes e TV finalmente chegou ao Brasil. O Netflix prometeu um preço agressivo e cumpre, cobrando R$ 14,99 por mês por filmes e (poucas) séries ilimitados. São algo perto de 10 mil títulos, com o primeiro mês de graça. Será que finalmente […]

O serviço que mudou um bocado a maneira com que os americanos assistem filmes e TV finalmente chegou ao Brasil. O Netflix prometeu um preço agressivo e cumpre, cobrando R$ 14,99 por mês por filmes e (poucas) séries ilimitados. São algo perto de 10 mil títulos, com o primeiro mês de graça. Será que finalmente você vai deixar os torrents e TV a cabo de lado? Vejamos:

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O que é?
O Netflix começou como um serviço de aluguel de filmes em domicílio, por correio (como Netmovies e outros no Brasil) em 1997 nos EUA e, desde 1999 oferece o serviço por streaming na internet – são pioneiríssimos no assunto. O acervo é bastante grande e o preço sempre foi camarada – custa US$ 7,99 nos EUA. O site (ou a aplicação em videogames, TVs e smartphones) é simples e operável por qualquer pessoa: basicamente você tem uma lista gigantesca com as “capas de DVDs”, clica em play e em segundos o filme/programa começa a passar. O Netflix não divulgou números precisos sobre a quantidade de títulos disponíveis no Brasil, mas um chute baseado no número de páginas das listagens dá algo em torno de 15 a 25 mil horas de programação. Isso está aumentando a cada dia.

Hoje o Netflix tem 25 milhões de assinantes nos EUA e Canadá e, este ano, ultrapassou a Comcast, a maior TV a cabo dos Estados Unidos. Há três grandes motivos para o sucesso do Netflix: o preço; a velocidade (mesmo com a internet menor que 1 mbps o filme começa em segundos); e um espertíssimo algoritmo que sugere filmes baseado no seu gosto, capaz de prever quantas estrelinhas você vai dar a um filme com margem de erro menor que meia. Eles já promoveram um grande concurso para melhorar esse algoritmo, e ele é surpreendentemente bom.

 

Quanto custa?
R$ 14,99 por mês, quantos filmes você quiser, pagáveis por cartão VISA ou Mastercard (nada de boleto). O primeiro mês é de graça. Não é uma promoção de lançamento – a expectativa é manter esse valor para o longo prazo.

 

Onde eu posso assistir?
Por enquanto, no navegador do PC/Mac (inclusive conectado à TV via HDMI), PS3, PS2 e Wii – a melhor interface, surpreendentemente, é no PS3. Eles prometem para “breve” ativar o acesso via iPhone/iPad em outubro e novembro, e no Xbox até o fim do ano, assim como em aparelhos de Blu-ray conectados, “Smart TVs” da Samsung, LG, entre outras conectáveis à internet. O app de Android tem sido liberado aos poucos para alguns poucos aparelhos, mas deve chegar até o fim do ano também no Brasil. O navegador precisa ter o silverlight instalado (nada de Flash!), o que já vem embutido no Chrome. Não há velocidade mínima de conexão, mas para conteúdo em HD é necessário pelo menos 2 mbps. Nos nossos testes, não houve qualquer problema com os 5 mbps da NET.

 

Tudo é em português?
Toda a interface é em português e a descrição dos filmes também está em PT-BR em 80-90% das vezes pelo que testamos – alguns filmes mais obscuros estão com a descrição em espanhol ou inglês apenas. A capa às vezes é em espanhol ou inglês, mas os títulos foram todos traduzidos. Dentro do filme, os resultados variam. Alguns filmes são dublados (Quero ser John Malkovich, por exemplo, só tem a opção “dublado”, bizarramente), alguns com opção de áudio em inglês não tem legenda em PT-BR, mas no geral, espere filmes em inglês com legendas em português para a grande maioria dos títulos – precisamos testar mais ainda.

Como é a seleção?
Não espere novidades. A janela mínima para filmes é 1 ano após sair do cinema e para séries, uma temporada de atrasos. Há omissões importantes, como nenhum Batman ou Homem-de-Ferro, por exemplo. A maior parte do que aparece no Brasil nesse primeiro momento é de velharias. Como disse um amigo, é “Sessão da Tarde ilimitada a qualquer hora” – você vai ver que, em qualidade de imagem ruim, os filmes da Sessão da Tarde são ainda piores (desculpa, anos 80).

Alguns gêneros são melhor representados (comédia, por exemplo). Há 100 filmes de Terror e 400 thrillers na listagem, com vários clássicos, e 24 novelas ou séries em português, todas desconhecidas. Aliás, em termos de séries, a coisa é bem ruim. De mais famosas, há 15 episódios da primeira temporada de Battlestar Galactica, 4 temporadas de Grey’s Anatomy e os 3 de Mad Men. Mas nada muito além disso. Não há nenhum acordo com a Globo nem a Globo Filmes, então boa parte dos filmes nacionais mais importantes estão de fora. Na verdade, o acordo com a Globo é para passar coisas brasileiras em outros Neflixes pelo mundo – há mais filmes nacionais no Neflix americano do que aqui, por enquanto.

 

Como é a qualidade?
Depende da sua conexão – o Netflix privilegia a velocidade (para não ter nenhum soluço no streaming) à qualidade. Mas se você tiver uma internet de pelo menos 2 mbps pelos nossos testes (o recomendável é 5 mbps), já será possível assistir conteúdo em 720p e áudio 5.1. Há cerca de 900 filmes em HD (alguns nacionais, como Cidade de Deus e o primeiro Tropa de Elite), e por sorte há uma aba só com essas opções. Mas no geral a compressão é bem ruim para quem é mais exigente (quem baixa em .rmvb está em casa), com qualidade ligeiramente inferior ao DVD, especialmente com o notebook conectado a uma TV Full HD. Alguns filmes inclusive sequer estão em Widescreen, então os resultados variam. Aproveite o seu primeiro mês de graça para ver se a qualidade te satisfaz.

 

O que muda para quem já era assinante?
Algumas pessoas (tipo eu) já assinavam o serviço usando um serviço de proxy (para fingir ter um IP americano) e um cartão internacional. A partir de agora, quem tem a conta americana pode acessar o serviço sem precisar ativar a VPN (UPDATE: Como alertaram nos comentários, a quantidade de conteúdo disponível muda radicalmente. Se quer usar o serviço em inglês, siga fingindo ser americano). O conteúdo continua sendo em inglês mas a variedade é maior – e há cada vez mais opções de filmes com legendas em português.

Como são as alternativas?
Honestamente, o Netflix é o primeiro serviço grande e relevante de streaming de vídeo no nosso País. A concorrência diz que o cenário é difícil, que o Brasil é diferente, mas a verdade é que ninguém ofereceu um preço remotamente atrativo até agora. O Terra TV está aí há uma década e a Saraiva Digital diz ter 30 mil assinantes (muitos devem ser como eu, que vi a interface horrível e nunca mais voltei). Ainda há o Netmovies com seus 35 mil títulos (entre digital e DVDs físicos) e um esquema parecido e até mais barato que o Netflix, por R$ 9,99 mensais para streaming online ilimitado, mas o catálogo nos pareceu menor e a qualidade não tão boa. Algumas TVs já têm conteúdo para esses provedores, mas isso não impede a entrada do Netflix. Normalmente a seleção é terrível e o preço astronômico.

A maior barreira da concorrência na verdade é o preço. Na Saraiva Digital, um episódio de série em definição normal custa R$ 6 – alguns filmes em HD chegam a custar R$ 14 no Terra TV. E se você é assinante do Net HD ou HD Max pode alugar filmes por R$ 9,90 (HD) ou R$ 3,99 (definição normal). A expectativa é que o Netflix chacoalhe o nosso mercado e finalmente comecemos a ver preços menores e seleções melhores, como aconteceu nos EUA, por exemplo.

 

O Netflix vai melhorar?
É o que todos esperam, mas isso vai depender, é claro, da adoção. O Brasil é o primeiro país fora da América do Norte  a receber o Netflix (durante a semana, outros da América Latina terão a honra também) e os americanos querem expandir o negócio – e o Brasil tem grande potencial, segundo os executivos, que salientaram que pelas pesquisas deles nós somos “apaixonados por vídeo como nenhum outro país”. Na semana passada, o Netflix não renovou o contrato com a Starz, empresa que faz a intermediação de contratos com estúdios, e por isso a partir de fevereiro os americanos ficarão sem títulos de Sony e Disney, por exemplo. Com essa notícias, as ações da empresa caíram 8%. Por isso, e com a expectativa de entrada mais agressiva de Apple e Amazon no ramo, é essencial para a vida do Netflix que a sua iniciativa internacional dê certo, então espere investimentos. Para o Brasil e América Latina, o Netflix está negociando os direitos de exibição diretamente com os estúdios, o que evita que problemas como o do Starz não ocorram aqui, o que é um alívio.

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