Prêmio Nobel de Física 2020 vai para cientistas que estudaram buracos negros na teoria e na prática
Os vencedores do Prêmio Nobel de Física de 2020 foram anunciados nesta terça-feira (6). São três cientistas que fizeram estudos relacionados a buracos negros. Roger Penrose demonstrou que a teoria da relatividade geral de Einstein previa a existência do fenômeno, contrariando o que o próprio Einstein acreditava. Já Reinhard Genzel e Andrea Ghez descobriram separadamente a existência de um objeto supermassivo no centro de nossa galáxia.
O físico e matemático inglês Roger Penrose, da Universidade de Oxford, usou novos conceitos matemáticos para demonstrar que a existência de buracos negros era uma consequência direta da teoria da relatividade. O próprio Einstein, pai da teoria, não acreditava na existência de buracos negros.
Em 1965, Penrose publicou seu trabalho que demonstrava a existência desses fenômenos e dava uma descrição detalhada deles, mostrando que o acúmulo de massa faz as leis da natureza como conhecemos praticamente cessarem — nada, nem mesmo a luz, é capaz de escapar.
Os outros dois vencedores fizeram seus trabalhos décadas depois. O alemão Reinhard Genzel — que é diretor do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, no seu país natal — e a americana Angela Ghez — pesquisadora do Departamento de Física e Astronomia da Universidade da Califórnia em Los Angeles — lideraram suas equipes separadamente desde os anos 90 e descobriram a existência de um buraco negro no centro da Via Láctea.
A equipe de Genzel usou dados dos telescópios NTT e VLT, no Chile, enquanto o time de Ghez usou o Observatório Keck, que fica no Havaí. Com os instrumentos voltados para a região Sagittarius A*, que fica o centro da nossa galáxia, eles puderam mapear as órbitas das galáxias, desenvolver métodos para driblar nuvens de gás que atrapalham a visibilidade dos telescópios e deduzir que há um buraco negro por lá.
Este buraco negro — que também foi batizado de Sagittarius A* — tem, inclusive, a massa de 4 milhões de Sóis em um espaço relativamente compacto, com apenas 24 quilômetros de diâmetro.
Ao Guardian, Penrose, aos 89 anos, disse que era uma enorme honra receber o prêmio e que ele estava feliz de ver que uma mulher também havia sido premiada — Ghez é a quarta mulher a ganhar o Nobel de Física na história. Ele, porém, se queixou da distração da premiação, que vai atrapalhar seu trabalho nos próximos dias.
Também ao jornal inglês, Ghez disse estar emocionada e que espera que a premiação ajude a inspirar outras mulheres a serem cientistas.
Penrose, Genzel e Ghez receberão da Academia Real de Ciências da Suécia um prêmio no valor de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 6,2 milhões — Penrose ficará com a metade do valor, e Genzel e Ghez ganharão um quarto disso cada. O Nobel de Medicina foi anunciado na segunda-feira (5), e na quarta (7), é a vez dos vencedores do prêmio de química serem divulgados.