Ciência

Noites quentes podem influenciar risco de AVC; conheça este estudo

Em análise de 15 anos de dados, cientistas alemães descobriram que noites quentes aumentam o risco de AVC, gerando casos além da média prevista
Imagem: Annie Spratt/ Unsplash/ Reprodução

Há noites em que você pode até estar coberto, mas as temperaturas aumentam e o calor se torna insuportável ao ponto de te despertar. Quando esse fenômeno atinge alguns critérios de elevação dos termômetros, é chamado de noites tropicais. Agora, um estudo publicado na revista European Heart Jounal mostra que o incômodo pode ser prejudicial à saúde, aumentando o risco de uma pessoa sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

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A inquietação para a pesquisa surgiu do fato de que as mudanças climáticas estão fazendo com que as temperaturas noturnas subam muito mais rápido do que as diurnas.

“Queríamos entender até que ponto as altas temperaturas noturnas representam um risco para a saúde”, explica Alexandra Schneider. Ela é líder da pesquisa e chefe do grupo de trabalho de Riscos Ambientais no Helmholtz Munich.

Entenda a pesquisa do risco de AVC

Os cientistas coletaram 15 anos de dados do departamento de neurologia do Hospital Universitário de Augsburg, na Alemanha. Então, analisaram todos os casos de pessoas que sofreram AVC – cerca de 11 mil.

Com essas informações em mãos, compararam os dados aos registros das chamadas noites tropicais. Elas acontecem quando a temperatura do período noturno excede um certo valor limiar, que para este estudo foi de 14,6°C. 

Se as temperaturas sobem acima desse valor à noite, isso é categorizado como uma noite tropical. Para essa medida, os pesquisadores utilizam o chamado Índice de Excesso de Noites Quentes, ou HNE.

Em geral, o calor extremo durante a noite aumentou o risco de AVC em 7%. “Idosos e mulheres estão particularmente em risco, e são principalmente AVCs com sintomas leves que são diagnosticados em clínicas após noites quentes”, afirma Cheng He, também autor do estudo.

De acordo com a pesquisa, o risco de AVC aumentou significativamente no período de 2013 a 2020 em comparação com o período de 2006 a 2012. Enquanto no primeiro intervalo houve 33 casos adicionais por ano, no segundo houve apenas dois.

Avanço na ciência

Agora, os pesquisadores esperam que suas descobertas se reflitam em medidas aplicáveis para diminuir os efeitos do calor noturno para a população. 

Para isso, eles afirmam estar trabalhando em recomendações. A ideia é desenvolver estratégias públicas de adaptação e planejamento urbano, com objetivo de reduzir a intensidade das ilhas de calor urbanas.

Além disso, os cientistas acreditam que os resultados podem preparar melhor os hospitais para esses momentos em que o número de casos de AVC pode aumentar.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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