Nova “bateria de sangue” pode gerar energia por meio da hemoglobina
Uma inovação científica pode mudar a forma como usamos os nossos aparelhos eletrônicos e como armazenamos energia. Pesquisadores do Instituto Químico de Energia e Meio Ambiente (IQUEMA) da Universidade de Córdoba (Espanha) desenvolveram uma bateria que transforma energia química em energia elétrica usando hemoglobina.
A hemoglobina está presente no sangue e é a proteína responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos, pelos glóbulos vermelhos. Por isso, tem o apelido de “bateria de sangue”.
Como surgiu o protótipo de bateria
Os pesquisadores usaram baterias de zinco-ar, que combinam o oxigênio atmosférico e o metal zinco em um eletrólito alcalino líquido, gerando eletricidade com um subproduto do óxido de zinco produzido na reação.
O protótipo funciona da seguinte forma: a hemoglobina seria como um catalisador nessas baterias. Ou seja, facilita a reação eletroquímica, chamada de Reação de Redução de Oxigênio (ORR, na sigla em inglês). Assim, faz com que, após a entrada do ar na bateria, o oxigênio seja reduzido e transformado em água em uma das partes da bateria. Dessa forma, libera elétrons que passam para a outra parte da bateria, onde ocorre a oxidação do zinco. O primeiro protótipo criado pelos cientistas chegou a funcionar entre 20 e 30 dias.
“Para ser um bom catalisador na reação de redução de oxigénio, o catalisador tem de ter duas propriedades: precisa de absorver rapidamente moléculas de oxigénio e formar moléculas de água com relativa facilidade. E a hemoglobina atendeu a esses requisitos”, explicou em um comunicado Manuel Cano Luna, um dos pesquisadores.
O estudo descrevendo a nova tecnologia foi publicado na revista Energy & Fuels. O cientista acredita que a utilização da hemoglobina como catalisador biocompatível é bastante promissora no que diz respeito à utilização deste tipo de bateria em dispositivos integrados no corpo humano.
Além disso, outra vantagem é que a hemoglobina está presente em quase todos os mamíferos, então também poderiam-se utilizar proteínas de origem animal.
Agora, os pesquisadores esperam continuar desenvolvendo a tecnologia para que a bateria biocompatível à base de hemoglobina possa ser uma alternativa mais moderna e sustentável às baterias comuns de lítio.