Nova coleta não invasiva de DNA facilita estudo da vida selvagem

Cientistas testaram a coleta de DNA pelo esterco de elefantes. Amostra fica conservada em um cartão e pode diminuir custos
Nova coleta não invasiva de DNA facilita estudo da vida selvagem
Imagem: Eelco Böhtlingk/Unsplash/Reprodução

Examinar um elefante selvagem, como você pode imaginar, não é lá uma tarefa muito fácil. O trabalho de imobilizar um animal para retirar sangue e coletar outras amostras dificulta a vida de pesquisadores que precisam mapear o DNA desses animais. Mas uma nova abordagem, que envolve a análise do cocô desses gigantes, pode ajudar a mudar esse cenário. 

Antes de tudo, vale explicar que realizar o sequenciamento genômico pelo esterco animal não é algo inédito. Por outro lado, o mecanismo utilizado hoje é bastante trabalhoso, envolvendo produtos químicos que podem ser perigosos. Além disso, as amostras são difíceis de transportar e precisam ser constantemente refrigeradas, o que torna o processo caro.

O novo método desenvolvido por cientistas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos EUA, envolve apenas um simples cartão. Segundo a equipe, as fichas podem ser armazenadas por meses sem refrigeração, sendo uma solução ideal para a coleta de DNA de animais.

Nova coleta não invasiva de DNA facilita estudo da vida selvagem

Amostra em cartão pode ser guardada sem necessidade de refrigeração. Imagem: Fred Zwicky/Reprodução

Os cientistas testaram o método tanto com animais em cativeiro quanto na natureza. No primeiro caso, foi coletado o cocô de elefantes-africanos-da-savana que viviam em dois zoológicos americanos. As amostras foram recolhidas 24, 48 e 72 horas após a defecação. 

Mesmo o esterco mais antigo ainda possuía informações suficientes no DNA para que fosse feito um estudo genômico. Após essa conclusão, os pesquisadores foram testar a abordagem direto em regiões selvagens da África do Sul. 

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Surpreendentemente, foi encontrado mais de 12% de DNA elefante nos cartões. Mais do que isso, a equipe conseguiu sequenciar os genomas de micróbios, plantas, parasitas e outros organismos, como borboletas, que entraram em contato com o esterco.

A abordagem foi descrita em um estudo publicado na revista Frontiers in Genetics, e permite não apenas o estudo do animal, mas de todo o meio com o qual ele se relaciona. Segundo os cientistas, dessa forma será possível analisar a conectividade de diferentes populações de elefantes, o nível de diversidade genética, o nível de endogamia e até mesmo o parentesco entre os animais.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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