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Nova pílula inteligente rastreia sinais vitais de dentro do estômago

Ao ser engolida, a pílula recheada de sensores cai no estômago e, de lá, mensura batimentos cardíacos, respiração e temperatura

Nova pílula inteligente rastreia sinais vitais de dentro do estômago

A empresa de saúde digital Celero Systems está desenvolvendo um dispositivo que promete medir a frequência cardíaca, a taxa de respiração e a temperatura de uma pessoa. Pode parecer comum, mas não é: a cápsula faz tudo isso de dentro do estômago do indivíduo.

Para o CEO da empresa, Ben Pless, essa é a oportunidade de “entrar no corpo sem cirurgia”. A ideia é que a pílula – como a empresa chama o aparelho – possa ser usada por pessoas com doenças crônicas. Dessa forma, será possível acompanhar sinais vitais e indicadores de piora da condição. Além disso, a empresa espera que o dispositivo seja útil no acompanhamento de usuários de drogas, como um alarme para overdoses.

Como funciona a pílula 

A pílula de monitoramento da Celero é uma cápsula plástica do tamanho de um multivitamínico. Por dentro, está recheada com sensores pequenos, um microprocessador, uma antena de rádio e baterias. 

Por ter uma estrutura biocompatível, ela permanece intacta durante a passagem por todo o sistema digestivo. Uma vez no estômago, ela capta as batidas do coração pelos micromovimentos que causam nos vasos sanguíneos e registra a respiração por meio da ondulação que a barriga faz com a saída e entrada do ar.

Segundo a empresa fabricante, a pílula consegue separar com sucesso os batimentos cardíacos e as respirações (que ocorrem muitas vezes por minuto) de ondas muito mais lentas provenientes do sistema digestivo.

Então, os sinais captados são transmitidos remotamente para um computador, onde podem ser acessados por pesquisadores, médicos e pacientes. Por fim, a pílula acaba no vaso sanitário, após o organismo eliminá-la.

Primeiro teste

Para testar o dispositivo, a Celero buscou acompanhar os sinais vitais de pessoas com apneia do sono. De modo geral, a condição consiste na interrupção da respiração enquanto uma pessoa está dormindo.

Na tentativa de obter um diagnóstico adequado, as pessoas muitas vezes precisam passar a noite sob um exame chamado polissonografia. Assim, ficam cobertas por eletrodos que medem sinais vitais e atividade cerebral. Algo muito mais incômodo do que apenas engolir uma pílula – e eliminá-la nas fezes dias depois.

Para garantir que o cápsula da Celero fazia as medições de maneira tão precisa quanto a polissonografia, a empresa realizou um estudo com dez pacientes com apneia do sono no Centro de Avaliação do Sono da WVU Medicine, em West Virginia. Dois exames foram realizados simultaneamente e, depois, os resultados foram comparados.

Segundo a empresa, os dados foram igualmente precisos, com apenas uma diferença de cerca de uma respiração por minuto. Além disso, os participantes do teste não tiveram desconfortos ou efeitos colaterais provenientes do uso da pílula. Todos os dispositivos utilizados foram naturalmente eliminados pelo organismo após alguns dias.

Outras aplicações

Pless acredita que o estudo de apneia do sono é apenas uma das muitas aplicações potenciais da pílula da Celero. Por exemplo, o dispositivo pode ser útil quando médicos estiverem tentando detectar um evento relacionado ao coração ou à respiração que acontece apenas ocasionalmente.

No entanto, ele enxerga que o futuro da pílula está no monitoramento e detecção de overdoses por drogas. Isso porque o dispositivo envia medições em intervalos regulados para um computador, de forma que pode acionar o alerta a alguém conhecido sempre que as respirações estiverem baixas. Assim, a pílula possibilitaria o socorro de uma pessoa em overdose, se fosse esse o caso.

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