Overdoses e parada cardíaca: qual a classe de opioides que desafia os cientistas

Uma nova classe de opioides está preocupando cientistas e profissionais da saúde dos Estados Unidos. Conhecidos como nitazenos, eles são ilegais e mais potentes que o fentanil. Dessa forma, estão levando a um maior número de paradas cardíacas, além de demandarem mais medicamentos no tratamento de overdoses. As descobertas são de um estudo publicado na […]
Overdoses e parada cardíaca: qual a classe de opioides que desafia os cientistas
Imagem: Myriam Zilles/ Unsplash/ Reprodução

Uma nova classe de opioides está preocupando cientistas e profissionais da saúde dos Estados Unidos. Conhecidos como nitazenos, eles são ilegais e mais potentes que o fentanil. Dessa forma, estão levando a um maior número de paradas cardíacas, além de demandarem mais medicamentos no tratamento de overdoses.

As descobertas são de um estudo publicado na revista JAMA Open (The Journal of the American Medical Association). Essa é a primeira pesquisa com humanos que identifica e analisa o impacto dos novos opioides ilegais.

Os opioides nos EUA

Os opioides são substâncias que atuam no cérebro para produzir uma variedade de efeitos, especialmente o alívio da dor. Entre os medicamentos dessa classe, existem analgésicos que são prescritos por profissionais da saúde. Mas também existem diversas drogas ilegais, como heroína e fentanil.

Os Estados Unidos enfrentam problemas com o consumo de opioides há um certo tempo. O fentanil, que tem efeitos 50 vezes mais potente que a heroína, já é a principal causa de morte entre pessoas com menos de 50 anos no país.

Os efeitos do nitazeno

Neste novo estudo, pesquisadores analisaram 2.298 pacientes. A pesquisa selecionou o grupo porque tiveram overdoses de opioides. Eles receberam atendimento em departamentos de emergência em todo o país, entre os anos de 2020 e 2022.

De modo geral, pesquisadores identificaram que 100% das overdoses com nitazeno resultaram em parada cardíaca. “Dada a alarmante taxa de parada cardíaca nas overdoses de nitazeno, este estudo deve energizar as políticas de redução de danos”, afirmou Alex Manini, professor na Escola de Medicina Icahn, no Monte Sinai, onde o estudo clínico foi realizado.

Além disso, o tratamento dos pacientes que estavam internados por overdose foi mais complexo. Geralmente, a naloxona é o medicamento utilizado para reverter o quadro de overdose, uma vez que atua contra a diminuição da respiração do paciente. Os medicos também o utilizam por ter um efeito rápido, entre dois e cinco minutos após aplicação. 

Contudo, enquanto um tratamento para overdose de fentanil demanda uma média de 0,36 doses de naloxona, um tratamento de sobredose de nitazeno precisa de 1,33 doses. Isso desafia profissionais da saúde e também hospitais, que precisam estar a par da demanda do suprimento.

Agora, os pesquisadores alertam para a necessidade dos médicos estadunidenses estarem cientes do consumo ilegal e crescente dos novos opioides, além de seus efeitos. E também para que se preparem para o uso de maiores dosagens de naloxona nos tratamentos dos usuários.

No entanto, o desafio também permeia entre os cientistas. “Dado o surgimento de drogas tóxicas perigosas no fornecimento ilegal de opioides nos Estados Unidos, pesquisas futuras devem examinar os resultados clínicos de novos opioides potentes à medida que o fornecimento continua a evoluir”, conclui Manini.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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