Uma pílula robótica que absorve muco pode abrir caminho para uma nova forma de tomarmos remédio. O dispositivo do tamanho de um cápsula de vitamina leva um motor e compartimento de carga. Ali, podem ficar os mais variados medicamentos – inclusive os administrados por injeção ou via intravenosa, como insulina e antibióticos.
O MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na sigla em inglês) apresentou o protótipo, que ganhou o apelido de RoboCap, na revista ScienceRobotics, na quarta-feira (28).
Segundo o estudo, a pílula robótica consegue “escapar” de agentes importantes do corpo, como o ácido estomacal e enzimas digestivas, por exemplo. Em muitos casos, o muco estomacal pode prender partículas das drogas, impedindo que entrem na corrente sanguínea e tenham 100% de absorção.
Pensando nisso, o RoboCap usa os sulcos em sua superfície para “esfregar” o muco intestinal. É como se fosse uma esponja em miniatura girando dentro de uma garrafa.
Nos experimentos com porcos, a pílula abriu um túnel através do muco que reveste as paredes do intestino delgado – onde alguns medicamentos são absorvidos com mais facilidade.
Depois de “esfregar” por 35 minutos, o RoboCap depositou insulina no local. O protótipo conseguiu fazer o mesmo com antibiótico vancomicina. Em seguida, a pílula seguiu sua viagem pelo intestino até sair do corpo.
O dispositivo é inovador porque pode se tornar uma saída para evitar injeções diárias ou internações hospitalares. “Seria uma grande virada de jogo”, disse Shriya Srinivasan, engenheiro biomédico do MIT e autor do estudo, ao site ScienceNews.
Segundo Srinivasan, o RoboCap também pode fornecer cargas maiores de remédios. A equipe do MIT já havia desenvolvido uma pílula semelhante em 2019, do tamanho de uma ervilha, mas sem capacidade de funcionar no intestino delgado.