Nova rede social de Trump já nasce censurando usuários

A Truth Social, no papel, nasceu para ser o berço da liberdade de expressão ilimitada. Mas, na prática, está banindo aqueles que emitem opiniões contrárias a Trump e outros proprietários da plataforma

Lançada como uma rede social que “respeita a liberdade de expressão”, o novo empreendimento do ex-presidente Donald Trump já nasce envolvido em uma polêmica — ironicamente, sendo acusado de censura.

Por enquanto, a “Truth Social” está disponível apenas no sistema iOS e para um pequeno número de usuários, que foram aceitos após passarem por uma lista de espera. O layout e forma de usar a nova rede são parecidos com o que estamos acostumados no Twitter.

Vale lembrar que Trump foi usuário assíduo do Twitter até ser banido permanentemente da plataforma por espalhar fake news e incitar a violência. A ação foi vista pelo ex-presidente como um ato de “censura ilegal”. Mas, pelo visto, a Truth adota uma política no mínimo parecida.

O jogo virou?

De acordo com o site Mashable, um desenvolvedor americano teve a conta banida na Truth Social antes mesmo de ter a oportunidade de publicar algo nela.

Para se cadastrar na plataforma, Matt Ortega, utilizou o nome de usuário “DevinNunesCow”. O nome é semelhante ao do perfil “DevinCow”, do Twitter, que faz paródia ao se passar por uma vaca de propriedade do deputado americano Devin Nunes.

O deputado republicano foi chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos e um dos maiores defensores de Trump. A conta no Twitter foi criada após a revelação de que Nunes mantinha em segredo a existência de uma fazenda leiteira. Após sair da Câmara, o deputado se tornou o CEO da Trump Media & Technology Group, a empresa controladora da Truth Social.

Segundo revelou o desenvolvedor, ele recebeu uma mensagem dizendo que “após uma análise cuidadosa, decidimos excluir sua conta permanentemente devido a violações das diretrizes da comunidade da “Truth Social”.

Ou seja, a rede social é a favor da “liberdade de expressão”. Desde que não sejam criados nomes de usuários que o CEO da Truth Social não gosta.

Censura na rede social de Trump

Antes mesmo do lançamento da nova rede social, os termos de serviço deixavam claro que conteúdos que envolvessem opiniões contrárias à Trump ou de outros proprietários da plataforma seriam limitados.

O caso de censura do desenvolvedor não é o único. Stew Peters, personalidade da direita americana, também foi censurado no Truth Social após pedir a execução dos responsáveis pela vacina contra Covid. A postagem foi sinalizada como “conteúdo sensível” — algo que aconteceria em redes sociais mainstream, como Twitter ou Facebook.

No caso do post, o atingido foi Trump, uma vez que as vacinas foram desenvolvidas enquanto ele estava na Casa Branca — algo que o ex-presidente se orgulha em dizer que foi um “sucesso”.

Esse tipo de comportamento demonstra que a Truth Social é apenas mais do mesmo, tendo regras de “liberdade de expressão” parecidas com as de qualquer outra plataforma. Moral da história? A liberdade de expressão indefinida não existe se há interesses de uma empresa por trás. Ainda que o dono dela bata o pé para afirmar isso.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas