Cientistas encontram um tipo novo (e diferentão) de rocha no fundo do Oceano Pacífico
E vamos de novidade no campo da mineralogia: um novo tipo de basalto foi encontrado. Uma equipe internacional de cientistas perfurou quase 1,6 km do fundo do mar no Pacífico e extraiu uma variedade desta nova rocha vulcânica, química e mineralogicamente diferente de qualquer tipo conhecido.
A equipe examinou o afloramento rochoso de 49 milhões de anos que se formou apenas alguns milhões de anos após o Anel de Fogo, a famosa meia-lua de atividade vulcânica que circunda a orla do Pacífico. Nos primeiros milhões de anos após sua ignição, o anel borbulhou com uma intensidade superaquecida, que a equipe diz ter formado um tipo único de rocha.
Eles recolheram esta evidência da história da Terra a quase 8 km abaixo da superfície do oceano. A análise sugere que o fogo que forjou a rocha foi mais quente e extenso do que se pensava anteriormente. Os resultados foram publicados na semana passada na Nature Communications.
“As rochas que recuperamos são distintamente diferentes das rochas desse tipo que já conhecemos”, disse Ivan Savov, coautor do estudo e geoquímico e vulcanólogo da Universidade de Leeds, em um comunicado da universidade. “Na verdade, elas podem ser tão diferentes dos basaltos do fundo do oceano conhecidos quanto os basaltos da Terra são diferentes dos basaltos da Lua.”
O basalto é um tipo muito comum de rocha ígnea que emerge de fluxos de lava resfriada, incluindo de vulcões atualmente ativos. Entretanto, as pressões e temperaturas das quais as rochas emergem mudam completamente suas características. Este basalto, relata a equipe, provavelmente se formou no final do início volátil do Anel de Fogo. Ele não havia sido detectado anteriormente devido à sua localização extremamente remota (e de difícil acesso).
Embora antigo, o Anel de Fogo é jovem em termos de história tectônica da Terra. Algumas rochas vulcânicas datam de bilhões de anos, muito mais antigas do que os 49 milhões de anos de existência da nova rocha.
A equipe perfurou a amostra usando o JOIDES Resolution, uma plataforma de perfuração capaz de extrair amostras de 9 km abaixo da superfície. Inclusive, o basalto recém-relatado não estava nem mesmo perto dos limites da plataforma. Sob um microscópio, uma seção transversal da rocha remete a uma moldura congelada de um caleidoscópio, um conglomerado de ardósia cinza e verde do mar. Ele vem da Bacia Amami Sankaku, a cerca de 965 km da costa do Japão. Savov disse que conhecer as condições que formaram esse basalto ajudará os cientistas da Terra a entender melhor o desenvolvimento da formação rochosa que foi extraída.
“Em uma era em que admiramos com razão as descobertas feitas por meio da exploração espacial, nossas descobertas mostram que ainda há muita coisa a ser feita em nosso próprio planeta”, disse Savov no comunicado da universidade.
As rochas podem nos dizer muito sobre a história do nosso planeta. Recentemente, cientistas examinando rochas na Groenlândia e descobriram evidências de um mar de magma que existia quando a Terra era apenas um bebê, não muito depois da formação da lua.