Novo estudo alerta: uso de vape aumenta risco de cáries nos dentes

Usar vape faz mal à saúde – incluindo a saúde dos seus dentes. Uma pesquisa da Universidade Tufts, nos EUA, mostrou que pacientes tabagistas têm mais chances de desenvolver cáries. 

O estudo, publicado no Journal of the American Dental Association no final de novembro, aponta relação entre o uso de cigarros eletrônicos e o aumento da incidência de doenças gengivais e danos ao esmalte dos dentes. 

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O estudo é o primeiro a investigar a associação entre vape e o risco de contrair cáries. A análise incluiu dados de 13 mil pacientes com mais de 16 anos em tratamento nas clínicas odontológicas da universidade de 2019 a 2022. 

Apesar da grande maioria dos pacientes não relatar o uso de vapes, 79% dos que disseram usar cigarro eletrônico mostraram alto risco de desenvolver cáries. O risco não chegou a 60% das pessoas que não fumam esses dispositivos. 

O que causa a cárie

Uma hipótese para a formação de cáries é o teor de açúcar e a viscosidade do líquido que existe dentro do vape. Quando vaporizado e exalado pela boca, ele pode aderir aos dentes. 

Um estudo de 2018 comparou as propriedades dos cigarros eletrônicos com o sabor doce das balas de goma e bebidas ácidas, como refrigerantes – os “inimigos” da saúde bucal. 

A pesquisa também demonstrou que os vapes alteram o microbioma oral, tornando-o um ambiente ideal para as bactérias que causam as cáries. Além disso, os cigarros eletrônicos parecem estimular as cáries em áreas onde elas geralmente não aparecem, como nas bordas inferiores dos dentes da frente. 

“É preciso muito tempo e dinheiro para controlar a cárie, dependendo da gravidade”, disse Karina Irusa, que liderou o estudo, em comunicado. “Uma vez que você começou o hábito, mesmo que faça obturações, enquanto continuar, você ainda corre o risco de cárie secundária. É um círculo vicioso, que não vai parar”. 

Cuidado extra

Os pacientes que relataram o uso não foram questionados se fumavam nicotina ou THC (maconha), diz o estudo. Pesquisas futuras devem analisar se essas substâncias influenciam na saúde bucal e se o vape afeta a microbiologia da saliva. 

“É importante ressaltar que se trata de dados preliminares”, disse Karina Irusa, que liderou o estudo. “Isso não é 100% conclusivo, mas as pessoas precisam estar cientes do que está acontecendo”.  

Agora, os pesquisadores recomendam que os dentistas incluam sobre o uso de cigarros eletrônicos como parte do histórico médico dos pacientes. Aqueles que consomem vapes também devem ter um “protocolo de controle de cárie mais rigoroso”, com pelo menos dois exames em clínicas odontológicas por ano. 

Além da saúde dos dentes, os vapes também já foram relacionados com doenças pulmonares graves e aumento de risco de desenvolver câncer.