Estudo mostra que minilua 2020 CD3 mede 1,20 metro e orbitava a Terra desde 2018

Pesquisadores dizem que a minilua é provavelmente um fragmento que se partiu de um asteroide maior e que se originou entre Marte e Júpiter.
A minilua, conforme imagens de 15 de fevereiro de 2020. Imagem: Catalina Sky Survey

Identificado no início deste ano, o asteroide 2020 CD3 é apenas o segundo satélite natural temporário, ou minilua, já detectado ao redor da Terra. Ele não ficou por aqui por muito tempo, mas aprendemos algumas coisas interessantes sobre nosso breve companheiro e descobrimos que uma missão para interceptar objetos semelhantes é uma boa ideia.

O asteroide 2020 CD3 foi visto pela primeira vez por astrônomos do Catalina Sky Survey, da Universidade do Arizona, em 15 de fevereiro de 2020. Alguns cálculos preliminares sobre seu tamanho e órbita foram feitos, mas uma nova pesquisa publicada no Astronomical Journal fornece a análise mais definitiva já feita desta rara minilua.

Na verdade, “rara” pode não ser a maneira certa de descrever. O melhor seria “raramente detectada”. Miniluas, ou satélites naturais temporários, são provavelmente bastante comuns — são apenas difíceis de ver, devido ao seu tamanho pequeno e natureza inconstante.

Mas, como o Instituto de Astronomia (IfA) da Universidade do Havaí aponta em um comunicado, aproximadamente 1 em cada 1.000 meteoros que queimam na atmosfera da Terra já foram uma minilua. Esses objetos não são grandes o suficiente para causar problemas na superfície do nosso planeta e tendem a fazer algumas voltas malucas antes de retomar sua jornada em torno de um objeto mais atraente: o Sol.

Trajetória do asteroide 2020 CD3 de janeiro de 2019 a maio de 2020. Imagem: Javier Roa Vicens

Miniluas podem parecer banais, mas o 2020 CD3 recebeu muita atenção; o novo artigo conta com 23 autores de 14 instituições acadêmicas diferentes.

Em primeiro lugar, o novo artigo descartou a possibilidade de que o 2020 CD3 fosse um pedaço de lixo espacial retornando. A relação área-massa do objeto e a baixa luminosidade sugerem que é um asteroide de silicato, e não, por exemplo, um foguete propulsor descartado ou um veículo Tesla rebelde. O mesmo não pode ser dito sobre uma possível minilua detectada em setembro passado — acredita-se que seja um foguete Centaur de segundo estágio lançado pela NASA em 1966.

O asteroide 2020 CD3 é ligeiramente menor do que as estimativas preliminares. Tem cerca de 1,2 metro de largura, então é um pouco maior do que uma máquina de lavar louça. Os autores dizem que é provavelmente um fragmento que se partiu de um asteroide maior e que se originou em algum lugar entre Marte e Júpiter.

“É incrível que os telescópios astronômicos modernos possam detectar miniluas do tamanho de grandes rochas a uma distância semelhante à da Lua”, disse Robert Jedicke, astrônomo e coautor do estudo do IfA, no comunicado da Universidade do Havaí.

Os pesquisadores também conseguiram caracterizar a órbita do objeto com mais precisão. Acontece que o 2020 CD3 está no modo minilua há 2,5 anos — simplesmente não sabíamos disso. O objeto estava circulando a Terra desde 2018, mas só chegou mais perto este ano, quando foi detectado por cientistas com o Catalina Sky Survey.

No total, o 2020 CD3 passou 2,7 anos como um satélite natural temporariamente ligado antes de retomar sua jornada ao redor do Sol. Este longo período pegou os autores do estudo de surpresa, pois as simulações previram uma duração mais curta para o objeto.

Dito isso, as observações estavam “de acordo com miniluas simuladas que têm encontros lunares próximos, fornecendo suporte adicional para os modelos orbitais”, como escreveram os pesquisadores. Além disso, o objeto está girando mais rápido do que a taxa prevista por modelos teóricos, o que sugere que “nossa compreensão de asteroides em escala métrica precisa de revisão”.

Na verdade, parece que ainda temos muito que aprender sobre essas coisas, o que faz sentido, visto que esta é apenas a segunda minilua conhecida — a primeira foi a 2006 RH120, detectada 14 anos atrás. Miniluas agora representam bons alvos para missões futuras, como Grigori Fedorets, astrofísico da Queen’s University em Belfast e principal autor do novo artigo, apontou no comunicado.

“Miniluas trazem efetivamente o cinturão de asteroides para perto da Terra para que, em termos astronômicos, possamos alcançá-las e tocá-las, e potencialmente coletar amostras”, disse ele.

Uma missão a uma minilua pode fornecer informações exclusivas relativas às condições iniciais de nosso Sistema Solar, ao mesmo tempo que fornece uma plataforma próxima para o teste de técnicas de mineração de asteroides, de acordo com Fedorets.

Não dá para ter certeza se o 2020 CD3 voltará a passar por aqui novamente, mas como os autores do novo artigo apontam, devemos esperar encontrar miniluas nos próximos anos — especialmente com o próximo observatório Vera C. Rubin.

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