Novo remédio para enxaqueca recebe aprovação e deve aliviar a vida de muita gente

A enxaqueca é uma condição bem cruel: as pessoas podem ter, além da forte dor de cabeça, náuseas e sensibilidade à luz e ao som; as crises podem durar muitas horas. Uma nova medicação foi aprovada nesta semana nos EUA pela Food and Drug Administration (FDA) – agência equivalente à Anvisa no Brasil – e promete uma […]
Ilustração de cérebro

A enxaqueca é uma condição bem cruel: as pessoas podem ter, além da forte dor de cabeça, náuseas e sensibilidade à luz e ao som; as crises podem durar muitas horas. Uma nova medicação foi aprovada nesta semana nos EUA pela Food and Drug Administration (FDA) – agência equivalente à Anvisa no Brasil – e promete uma nova era no tratamento e prevenção da doença.

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Se trata do Aimovig, fabricada pela Amgen e Novartis, uma injeção mensal realizada com dispositivo muito parecido com um aplicador de insulina. A injeção pode ser administrada pelo próprio paciente e o custo estimado está em US$ 6.900 (R$ 25.865, em conversão direta) por ano. A expectativa é que já na próxima semana ele seja vendido nas farmácias norte-americanas.

A droga promete aliviar a vida de muita gente porque atualmente a enxaqueca é tratada com remédios para outras doenças. Os pacientes costumam tomar anticonvulsivantes, medicamentos para a pressão e antidepressivos para diminuir as crises de dor de cabeça.

O problema é que esses tratamentos costumam funcionar por pouco tempo e causam sérios efeitos colaterais, incluindo confusão mental, sedação, ganho de peso, disfunção sexual e boca seca. Os efeitos colaterais relatados pelas pessoas que testaram a nova droga não eram diferentes daqueles que tomaram placebo. Apesar disso, ainda é preciso estudar possíveis efeitos no uso a longo prazo e entre pessoas com doenças crônicas.

O novo método, por sua vez, ataca um fragmento de uma proteína específica causadora da enxaqueca e trabalha na prevenção de novas crises. Ela não previne todas as crises de enxaqueca, mas as torna menos severas e reduzem sua frequência em 50% ou mais.

O estágio final do estudo avaliou 667 pacientes com enxaqueca crônica (com mais de 15 dias de crise por mês) e constatou que após três meses, pacientes tratados tiveram 75 dias a menos de crises que os não-tratados.

Imagem: Divulgação

A molécula atacada pelo remédio se chama CGRP e está presente em todas as pessoas, mas naqueles que sentem a enxaqueca ela é maior – a proteína dilata vasos sanguíneos, algo relacionado com a enxaqueca e transmite sinais entre os nervos.

Os estudos que levaram ao desenvolvimento do medicamente começaram na década de 1980, como aponta o New York Times. Pesquisadores perceberam que as pessoas que possuem enxaqueca produzem muito CGRP. Ao injetarem a proteína em pessoas propensas a ter enxaqueca, elas tiveram dores de cabeça – mas quando fizeram o mesmo em pessoas que não tinham a condição, geralmente não acontecia nada.

A partir daí começou o desenvolvimento de pequenas moléculas para bloquear CGRP, mas eram muito tóxicas para serem utilizadas como medicamentos. Os cientistas buscaram desenvolver uma alternativa a partir de anticorpos e deu certo: a droga bloqueia a molécula na superfície da célula que o CGRP deve atacar. E pelo fato dos anticorpos permanecerem no corpo, só é preciso injetar uma vez por mês.

O problema é que esses anticorpos monoclonais como os da nova droga são cultivados em células vivas, que são caras de se produzir. Por isso o preço altíssimo. Outras empresas, incluindo Lilly, Teva e Alder, estão desenvolvendo medicamentes similares e já estão nas fases finais de testes ou aguardando a aprovação da FDA – o que pode deixar o mercado um pouco mais competitivo, muito embora seja terrível escrever sobre mercado quando estamos falando de medicamentos.

Segundo a Academia Brasileira de Neurologia, 18% da população brasileira (cerca de 37 milhões de pessoas) sofre com a enxaqueca. Dados do Ministério da Saúde apontam que a condição é mais comum entre mulheres, chegando a 25% de incidência, mais que o dobro da prevalência entre os homens. A doença também atinge entre 3% a 10% das crianças.

[New York Times, FDA]

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