Núcleo interno da Terra não é uma massa homogênea, apontam cientistas

Pesquisa fornece novos insights sobre a formação do planeta, sua evolução e a criação de seu campo magnético
Núcleo interno da Terra

No centro da Terra, há uma bola de metal sólido. Embora seja apenas uma pequena parcela do volume total do planeta, ela é responsável por seu campo magnético, sem o qual a Terra seria um lugar muito diferente. 

Vivendo na superfície, fica difícil imaginar que tanta coisa acontece lá no centro. Mas já falamos sobre isso por aqui, quando noticiamos que o núcleo interno do planeta é sólido, que ele oscila e que, recentemente, começou a girar no sentido oposto da Terra.

Ainda assim, a maneira como o núcleo interno da Terra se formou, cresceu e evoluiu ao longo do tempo ainda é um mistério. Agora, pesquisadores liderados pela Universidade de Utah e apoiados pela National Science Foundation dos EUA chegaram um pouco mais perto de responder essas questões.

Um estudo publicado na Nature revelou que o núcleo interno da Terra não é a massa homogênea que os cientistas acreditavam que era. Como já se sabia, ele é composto principalmente de ferro e níquel, juntamente com alguns outros elementos. 

No entanto, é a primeira vez que cientistas confirmam que a heterogeneidade de está presente em todo o núcleo interno. Por isso, os pesquisadores envolvidos no estudo comparam sua formação com uma “tapeçaria feita com diferentes tecidos”. Uma colcha de retalhos, talvez?

Uma consequência da formação da Terra

Quanto mais se percorre em direção ao centro da Terra, mais essa heterogeneidade tende a ganhar força. “Achamos que isso está relacionado à rapidez com que o núcleo interno estava crescendo. Há muito tempo, ele cresceu muito rápido. Chegou a um equilíbrio e depois começou a crescer muito mais lentamente. Nem todo o ferro se tornou sólido, então alguma parte líquido pode ter ficado presa dentro”, explicou o sismólogo Keith Koper em entrevista ao site SciTechDayly.

O núcleo externo, que envolve o interno, permanece líquido. “É como um planeta dentro de um planeta que tem sua própria rotação e é desacoplado por esse grande oceano de ferro líquido”, disse Koper.

Reaproveitamento de dados

Observar e compreender o interior do núcleo terrestre não é uma missão fácil. Por não poder ser acessado diretamente, é uma região difícil de estudar.

As melhores ferramentas para detectar informações sobre o núcleo interno da Terra são as ondas sísmicas. Elas se propagam a partir da fina crosta do planeta e vibram através de seu manto rochoso e do núcleo metálico.

Foi isso que fizeram os cientistas na pesquisa mais recente. Eles reaproveitaram dados  coletados do Sistema Internacional de Monitoramento de testes nucleares, gerados por uma redes sísmicas a nível global que foram criadas para detectar explosões.

Agora, pesquisadores continuam na tentativa de decifrar o núcleo terrestre e seu campo magnético, o que pode ajudar a compreender como a Terra e outros planetas se formaram.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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