O que a Rússia já anunciou sobre sua nova estação espacial, após sair da ISS

A Roscosmos, programa espacial da Rússia, anunciou que tem planos de construir sua própria estação espacial. Uma maquete de como seria a estrutura foi apresentada em uma exposição militar-industrial em Moscou, na segunda-feira (15), segundo informações da agência russa estatal Tass. 

O projeto, apelidado de “Ross”, ainda não tem data prevista para lançamento. O desenvolvimento deve acontecer em duas fases, disse o comunicado. 

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Informações obtidas pela agência Reuters apontam que a 1ª fase seria para construir e colocar em operação uma estação especial de até 4 módulos. Na 2ª fase, seriam construídos mais dois módulos e uma plataforma de serviço. Quando concluído, isso seria suficiente para acomodar até quatro astronautas e equipamentos científicos. 

A nova estação deve proporcionar “uma visão mais ampla da Terra” aos astronautas russos, disse a Roscosmos, para “fins de monitoramento”. O ex-chefe da Roscosmos, Dmitry Rogozin, sugeriu que a estação poderia cumprir um “propósito militar”, se necessário. 

Segundo a agência russa, o lançamento da 1ª etapa está previsto para 2025 e 2026. No mais tardar, em 2030. A 2ª e última etapa, por sua vez, deve começar a operar entre 2030 e 2035. A estrutura não teria a presença humana permanente, mas teria capacidade para ser tripulada duas vezes por ano em períodos longos. 

Saída da ISS

Moscou quer reduzir a dependência de países ocidentais em meio às sanções e ameaças mútuas desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro. Agora, deve recorrer a países como China e Irã para seguir o projeto. 

A criação de uma nova estação endossa a saída da Rússia da ISS (Estação Espacial Internacional). O chefe da Roscosmos, Yuri Borisov, confirmou que o país deixará a estrutura criada via cooperação internacional a partir de 2024.

Rússia e EUA lideram, juntos, a ISS. A estrutura começou a ser construída em 1998, no pós-Guerra Fria, por módulos espaciais dos dois países com rusgas históricas dentro e fora da corrida espacial. A União Soviética, então aglomerado de 15 países, levou o 1º satélite e 1º homem à atmosfera da Terra, em 1961. Os EUA, por sua vez, levaram o 1º homem à Lua, em 1969. 

Canadá e Japão também integram a ISS, junto de outros 11 países europeus. O plano é manter a estação até 2030. A NASA, agência espacial dos EUA, disse que não recebeu o aviso oficial da saída dos russos e que a Roscosmos deve continuar no projeto até 2028. 

A Rússia opera 6 dos 17 módulos da ISS, incluido o Zvezda, que guarda o sistema do motor principal. Além disso, Moscou mantém naves espaciais para manter a estação em órbita. Sem os russos, a NASA terá que fazer tudo isso sozinha. 

“Acho que não passa de uma postura dos russos”, opinou o ex-comandante da ISS, Leroy Chiao, à BBC. “Eles não têm dinheiro para construir sua própria estação e levaria anos para fazê-lo. Eles não tÊm mais nada se seguirem esse caminho”. Será?