O que acontece no nosso cérebro quando estamos aprendendo
Quando as pessoas vivem novas experiências, seja assistindo a um filme ou aprendendo um idioma, o cérebro se remodela e se adapta fisicamente àquele aprendizado. Essa capacidade de adaptação é chamada de plasticidade cerebral.
Funciona da seguinte forma: primeiro, os neurônios transmitem imediatamente sinais elétricos por novas rotas no cérebro. Com o passar do tempo, isso leva a mudanças na estrutura física das células e suas conexões no órgão.
Falando assim, parece fácil de entender. Mas os cientistas ainda não conseguiram desvendar o que ocorre entre essas duas etapas. Um estudo recém publicado no Journal of Neuroscience deve ajudar a resolver essa questão.
No passado, cientistas estudaram como genes nos neurônios ligam e desligam em resposta à atividade cerebral. Agora, pesquisadores do Scripps Research Institute, nos EUA, foram além, estudando as proteínas que são codificadas por esses genes.
Para isso, a equipe projetou um sistema em que eles poderiam introduzir um aminoácido marcado – considerado um dos blocos de construção das proteínas – em um tipo de neurônio de cada vez. Dessa forma, conforme as células produzissem novas proteínas, o aminoácido era incorporado em suas estruturas.
Assim, os cientistas conseguiam distinguir as proteínas recém-fabricadas daquelas pré-existentes. Os pesquisadores resolveram rastrear o processo em camundongos de laboratório, que foram expostos a experimentos que geravam um pico de atividade cerebral, assim como ocorre com os humanos que vivem novas experiências e aprendizados.
Após o aumento da atividade neural, os pesquisadores notaram mudanças nos níveis de 300 proteínas presentes nos neurônios. Dois terços aumentaram durante o pico de atividade cerebral, enquanto a síntese do restante diminuiu.
A equipe mostrou como as proteínas afetam a plasticidade cerebral. Muitas delas estão relacionadas à estrutura e forma dos neurônios, por exemplo, assim como o mecanismo que eles utilizam para se comunicar com outras células.
De toda forma, novos estudos devem ser feitos no futuro. Os cientistas ainda querem investigar, por exemplo, como as doenças cerebrais e o envelhecimento afetam a produção de proteínas.