O que é o chip da beleza, que teve a propaganda proibida pela Anvisa
Você já deve ter visto esse nome rondando a timeline no Instagram. O tal “chip da beleza” é nada além de um dispositivo de silicone com 3 e 5 centímetros que, ao ser implantado no corpo, libera hormônios como a gestrinona — esteroide com ações anabolizantes.
Há quem justifique seu uso com o tratamento para endometriose, mas o método se popularizou devido às promessas de tonificar o corpo, emagrecer, aumentar a disposição e incrementar a libido. Tudo sem exercícios e dietas regradas.
O valor do implante não é barato: para colocá-lo, é preciso desembolsar de R$ 3 a 4 mil. O dispositivo segue liberando hormônios por cerca de três anos e, depois disso, é preciso substituí-lo.
Não à toa, anúncios de gestrinona para fins estéticos se tornaram comuns nas redes sociais. Mas isso está prestes a mudar. Neste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a propaganda da substância e de qualquer produto que a leve em sua composição.
A iniciativa vem de encontro a nota publicada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) no início de novembro.
Na época, o órgão emitiu um comunicado rechaçando o dispositivo. Além disso, reforçou que “não existem estudos de segurança e eficácia da gestrinona para tratamento de endometriose por uso parenteral, particularmente, por meio de implantes.”
O uso estético do chip pode trazer uma série de efeitos colaterais — como acne, queda de cabelo e mudança do timbre da voz. Em casos mais graves, o dispositivo pode desencadear problemas cardíacos, doenças no fígado e até mesmo levar o paciente à morte.
Devido sua ação anabolizante, a gestrinona está na lista de substâncias proibidas no esporte da World Anti-Doping Agency (WADA). O chip não é regulamentado pela Anvisa, mas também não está na Lista C5, que regimenta os anabolizantes utilizados no País. A SBEM solicita a inclusão.
Vale dizer que o chip da beleza é um produto manipulado que leva uma mistura de hormônios em sua composição. A falta de bula é perigosa para os usuários, que ficam às cegas sem informações sobre uso, interações com outros medicamentos ou mesmo segurança e eficácia.