O que é órbita retrógrada distante, em teste pela NASA na Artemis 1

NASA pretende testar uma nova trajetória da espaçonave Orion, que será afastada da Terra. Veja o gráfico que detalha a manobra
O que é órbita retrógrada distante, em teste pela NASA na Artemis 1
Imagem: NASA/Divulgação

Com o lançamento bem-sucedido da Artemis 1, a NASA pretende fazer uma série de testes de estresse na espaçonave Orion durante sua viagem ao redor da Lua. Isso inclui experimentar um novo tipo de trajetória conhecida como “Órbita Retrógrada Distante” – ou DRO, na sigla em inglês.

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A órbita é chamada de “retrógrada” porque a Orion vai viajar ao redor da Lua na direção oposta à que a Lua gira ao redor da Terra. Isso significa que, enquanto a Lua tem seu movimento no sentido anti-horário, a nave da Artemis 1 viajará no sentido horário.

Já o “distante” significa que a nave estará em uma grande altitude acima da superfície lunar, chegando a 64 mil quilômetros no seu ponto mais afastado. Durante o programa Apollo, nas décadas de 1960 e 1970, as naves tinham uma órbita quase circular e estavam muito mais próximas da Lua.

Segundo a NASA, esse novo tipo de trajetória fornece uma órbita altamente estável, porque ela é auxiliada pelas interações gravitacionais entre a Terra e Lua, mantendo a nave equilibrada entre os dois corpos celestes.

Outro benefício é que a espaçonave gasta menos combustível para permanecer em posição enquanto viaja ao redor da Lua. Na imagem abaixo, é possível ver graficamente como será a trajetória da Orion ao longo de sua viagem de 25 dias.

Gráfico mostra a trajetória da Artemis 1 durante a ida e volta à Lua. Em verde, o caminho de ida até a Lua; em cinza, a Órbita Retrógrada Distante; e em azul, o retorno à Terra.

Gráfico mostra a trajetória da Artemis 1 durante a ida e volta à Lua. Em verde, o caminho de ida até a Lua; em cinza, a Órbita Retrógrada Distante; e em azul, o retorno à Terra. Imagem: NASA/Divulgação

Além da DRO, a NASA pretende testar uma nova manobra de retorno à Terra. A ideia é, em vez de mergulhar a nave diretamente na atmosfera para o pouso – como nas missões Apollo – a Orion vai “quicar” na atmosfera da Terra para reduzir a velocidade e a força G que os futuros astronautas seriam submetidos.

Esse conceito não é novo, mas ele não foi testado durante o programa Apollo, pois ainda não existia a tecnologia de orientação e navegação que temos hoje — nem poder computacional para colocá-la em prática.

O principal objetivo da missão Artemis 1 é fazer uma longa viagem ao espaço profundo — além da Lua — para testar os sistemas da espaçonave Orion em um ambiente distante da Terra.

“Sem tripulação a bordo da primeira missão, o DRO permite que a Orion passe mais tempo no espaço profundo para garantir que os sistemas da espaçonave, como orientação, navegação, comunicação, energia, controle térmico e outros, estejam prontos para manter os astronautas seguros em futuras missões tripuladas”, disse a NASA em comunicado.

Além do programa Artemis, a NASA também tem planos de redirecionar algum pequeno asteroide próximo da Terra para que ele entre em uma órbita retrógrada distante ao redor da Lua. Por causa da estabilidade da DRO, o asteroide poderia ficar lá por centenas de anos para fins de pesquisa, sem a necessidade de usar propulsão para manter sua órbita.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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