Ciência

O que fez a Terra entrar na Era do Gelo? A ciência já descobriu

Cientistas relacionam baixo nível de CO2 na atmosfera com resfriamento da Terra há mais de 700 milhões de anos
Imagem: Alberto Restifo/ Unsplash/ Reprodução

Há cerca de 700 milhões de anos, a Terra estava coberta de gelo praticamente dos pólos à linha do Equador. Embora a Era do Gelo terrestre tenha durado aproximadamente 57 milhões de anoso, o que causou isso ainda é uma questão em aberto para a ciência.

Agora, pesquisadores australianos parecem ter descoberto um possível motivo. Em um estudo publicado na revista Geology, eles utilizaram modelagem de placas tectônicas e identificaram na Terra uma capacidade comparada a um termostato, que impede que o planeta entre em um modo de superaquecimento.

Entenda a pesquisa

Para compreender o padrão de movimento das placas e mudança da temperatura terrestre, pesquisadores estudaram a evolução dos continentes e das bacias oceânicas em um momento específico: separação do antigo supercontinente.

Além disso, eles também conectaram o modelo de tectônica de placas com inteligência computacional para calcular a liberação de dióxido de carbono (CO2) de vulcões. 

Dessa forma, perceberam que o início da era do gelo, há 717 milhões de anos, coincide com uma baixa recorde nas emissões de CO2 vulcânico. Em geral, os resíduos de dióxido de carbono permaneceu relativamente baixo durante todo o período glacial.

Assim, a quantidade de CO2 na atmosfera caiu para um nível onde a glaciação se inicia. De acordo com o que estimam os pesquisadores, o dióxido de carbono atmosférico atingiu menos de 200 partes por milhão. Isso é mais baixo que a metade do nível atual.

Por isso, os cientistas afirmam no estudo que a geologia determinava o clima nesse momento. 

“Uma reorganização da tectônica de placas levou a degassing vulcânica a um mínimo, enquanto simultaneamente uma província vulcânica continental no Canadá começou a se erodir, consumindo CO2 atmosférico”, explica Dietmar Müller, um dos autores do estudo.

Avanço na ciência

Para os pesquisadores, o trabalho mostra como o clima global é sensível à concentração de carbono na atmosfera. Isso, por sua vez, traz à tona dúvidas sobre o futuro a longo prazo. 

“Seja qual for o futuro, é importante observar que a mudança climática geológica, do tipo estudado aqui, acontece extremamente lentamente”, destaca Adriana Dutkiewicz, também autora do estudo. 

De acordo com a NASA, a mudança climática induzida pelo homem está ocorrendo a uma velocidade 10 vezes maior do que vimos antes.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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