Com tantos rumores sobre um tablet da Apple rondando, fica difícil acreditar que a empresa não anunciará um neste ano. Mas o que é que nós realmente sabemos sobre isso?
Fãs da Apple são esperançosos, e quase todo ano desde a morte do Newton surge algo que aumenta suas expectativas. Mais recentemente, porém – principalmente depois do lançamento do iPhone –, os rumores sobre um tablet tornaram-se tão intensos, variados e inconsistentes que fica difícil saber o que esperar. Eis o que já temos, e o que isso significa.
Patentes
Os primeiros sinais do atual frenesi apareceram em 2004, quando a Apple fez um requerimento para registrar na Europa o design de um dispositivo que parecia uma tela de iBook, sem o resto do corpo. Era muito maior do que o que as pessoas esperam hoje, mas de alguma maneira o design já indicava a estética das próximas gerações do iMac e até a do iPhone.
Em 2006, a Apple entrou com requerimento de patente para teclado on-screen, reconhecimento de gestos e roda de scroll virtual. Algumas dessas tecnologias também viriam a aparecer no iPhone. O requerimento descrevia um produto com propriedades de tablet, parecido com a versão de 2004, mas menor.
Em poucas palavras, embora um tablet da Apple ainda não exista, seu advogado provavelmente o aconselharia a não tentar fazer um.
Rumores (e fatos)
Empresas entram com pedidos de patentes por diversas razões, e quando ela é grande como a Apple, muitos deles são inutilizados ou acabam apenas criando contexto para rumores – informações vazadas por funcionários, declarações codificadas de líderes da empresa, pedidos de hardware divulgados pela imprensa de Taiwan. Os boatos sobre um tablet da Apple geralmente têm curta duração. O ponto é que agora há uma fartura deles.
Em 2008, um executivo alemão da Intel deixou escapar que a Apple talvez estivesse trabalhando em uma unidade com Atom, a que ele se referiu como uma “versão do iPhone”. Essa curiosa declaração foi logo minimizada, mas foi seguida por um alerta do MacDailyNews de que um MacBook Touch com OS X seria lançado em outubro.
Aí as coisas começaram a pegar fogo. O TechCrunch conversou com “três diferentes fontes” próximas à Apple e todas teriam confirmado um dispositivo parecido com o iPod Touch. Isso significa que – diferente do papo do MacDailyNews de um computador tablet completo – ele rodaria um OS X com menos elementos, como o do iPhone.
Pessoas inteiradas com a estratégia da empresa dizem que a Apple trabalha em novos modelos de iPhone e um dispositivo portátil que é menor do que os atuais laptops, mas maior do que o iPhone ou o iPod Touch.
A “BusinessWeek” também entrou na onda e corroborou esses rumores com fontes próprias, apontando a Verizon como potencial operadora para um “media pad” com 3G e indicando o verão norte-americano deste ano como uma possível data de lançamento.
Déjà vu?
Algo que chama a atenção nesses rumores é a sua semelhança com aqueles de sete ou oito anos atrás. Um texto da “eWeek” publicado em 2002 – a última vez em que tablets Mac pareciam “inevitáveis”, basicamente em razão de toda a promoção feita pela Microsoft sobre tecnologias tablet – falava em “pressentimento” de que um protótipo de tablet Mac já existia entre desenvolvedores, com “um chip Motorola PowerPC de baixo consumo” e uma tela espaçosa em um design “típico da Apple”. Ele também aposta em bateria com boa duração e software proprietário comparável ao Mac OS X.
O autor do texto, Matthew Rothenberg, especificou mais tarde que seria um “dispositivo que superficialmente lembra um grande iPod com tela de oito polegadas na diagonal, sem teclado, com portas USB e FireWire e que roda Mac OS X com uma variedade de atrativos multimídia”.
Uma grande tela que serve como dispositivo principal de entrada, um design minimalista, um sistema proprietário de entrada da Apple e duração de bateria superior à da média? Isso descreve os dispositivos de 2009 tão bem quanto os de 2002.
A evidência mais forte
No meio disso tudo, destacam-se estas informações:
• Alegações constantes de um interesse da Apple por tablets – sustentadas por ocasionais requerimentos de patentes – são consideráveis, assim como o consistente cinismo da empresa em relação a netbooks (a única alternativa real a tablets na área de computação ultramobile).
• O requerimento de patente no final de 2008 para uma interface de tablet multitoque é completo, prático, oportuno e contém um esboço plausível, ainda que básico.
• A encomenda de painéis de 9,7” da Wintek é a evidência mais forte que temos. É uma boa aposta dizer que a Apple já os tenha, ou terá em breve, e que está colocando-os em uso. Mas não é possível ter certeza.
• Que o dispositivo não tem teclado, tem tamanho moderado e é voltado a mídia são ideias compartilhadas por aqueles que levantaram rumores separadamente (TechCrunch, “BusinessWeek”, MacNewDaily).
Parece que há uma boa chance de haver um tablet a caminho. Diferentes rumores apontam para datas de lançamento similares: alguns dizem terceiro trimestre, outros apostam em junho, mas todos podem estar falando sobre a mesma data, ou ao menos o mesmo espaço de tempo.
Também é comum a sensação de que esse dispositivo seria (ou será) um produto inovador, que mudaria a indústria, como o iPhone ou o iPod. Mas é difícil ver exatamente como: um tablet da Apple entraria em uma área onde muitos outros já estiveram. Seria menor do que tablet PCs mais antigos, mas isso não seria muito diferente de MIDs e UMPCs como o OQO. Seria mais fino, não teria teclado e viria com o OS X, mas isso pode não ser diferente o suficiente do hardware já existente para realmente mudar as coisas.
Por outro lado, a inovação pode vir da maneira que ele for introduzido no mercado. Operadoras sem fio são ávidas em aumentar receitas e manter clientes, e muitos rumores e comentários de executivos giram em torno da ideia de que tablets – não apenas da Apple – serão inerentemente dispositivos sem fio e vendidos por operadoras. Isso pode soar improvável agora, já que estamos acostumados a comprar laptops sem planos de serviço, mas pode facilmente ser a próxima revolução em hardware sem fio.
Há muita coisa que ainda não sabemos, e pouca coisa em que podemos confiar. No final, temos um tamanho de tela, um formato, um sistema operacional e uma provável janela de lançamento. Fora isso, não há informações confiáveis, e as suas apostas sobre o visual do dispositivo são tão boas quanto as nossas. E nos últimos anos o que não foi faltou foram sugestões sobre o seu design – confira abaixo as nossas favoritas, feitas por leitores e insiders da indústria: