No último domingo (3), o observatório Solar Dynamics, da NASA, detectou um buraco na atmosfera do Sol que equivale ao tamanho de mais de 60 planetas Terra. O fenômeno se chama buraco coronal e é mais comum do que parece.
Ele foi registrado porque, há alguns dias, estava sobre a Linha do Equador, apontando diretamente para a Terra. Até agora, o fenômeno não foi motivo de preocupação – apenas uma tempestade solar leve. Contudo, o buraco contribui para um padrão mais amplo de atividades solares.
O que é um buraco coronal
O buraco coronal acontece quando um campo magnético do Sol se abre na coroa solar, a camada mais externa da atmosfera do astro. Dessa forma, uma grande região fica descoberta. No caso recente, pesquisadores relatam que o espaço aberto chega a 800 mil km de eixo. A Terra, por exemplo, tem pouco mais de 12 mil km de diâmetro.
Geralmente, o buraco coronal acontece durante períodos em que a atividade solar está agitada, como agora. A estrela passa por ciclos de movimentação, que geralmente coincidem com seus ciclos magnéticos. Assim, quando o campo magnético do Sol reverte sua polaridade, ou seja, seus pólos norte e sul trocam de lugar, a estrela fica mais ativa, com manchas solares, erupções, ejeções de massa coronal e também buracos coronais.
Essa atividade se intensifica até atingir o pico – o máximo solar que deve ocorrer em algum momento de 2024 -, antes de diminuir novamente em direção ao mínimo solar, um período de calmaria relativa e atividade mínima.
O buraco coronal é visível apenas pela luz em comprimentos de onda ultravioleta – e, nessa situação, parece um conjunto de diversas manchas escuras na superfície do Sol. Elas costumam ser mais fracas que o que está em volta, pois são mais frias que o restante da atmosfera solar.
O fenômeno abre espaço para que o vento do Sol escape facilmente, soprando partículas e plasma para o Sistema Solar. Dessa forma, pode fluir pela Terra, quando ela está em seu caminho.
Tempestade solar
Dessa vez, o buraco coronal estava virado para a Terra no último sábado (2). Já o vento solar atingiu o planeta entre segunda (4) e terça-feira (5). Como resultado, a tempestade solar atingiu o planeta. De acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica), ela atingiu nível entre G1 e G2, o que significa que foi de intensidade leve a moderada. Ainda assim, seus efeitos podem ser sentidos, mesmo que de maneira mais branda.
De modo geral, as correntes magnéticas podem interferir nas redes elétricas, operações de satélite, comunicações de rádio e sistemas de navegação. Além disso, podem causar aparições de novas auroras boreais e austrais. Recentemente, o fenômeno foi visto em latitudes muito mais baixas do que esses espetáculos de luz costumam alcançar, como o Giz mostrou neste texto.