Astrônomos de um observatório do ESO (European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere), no Chile, descobriram que um exolaneta bem longe da Terra tem chuvas e ventos de ferro. Batizado como WASP-76 b, ele é um planeta do tipo júpiter ultraquente, com temperaturas que chegam a 2.400º C, localizado a 640 anos-luz da Terra.
O exoplaneta orbita a estrela WASP-76 a cada 1,8 dia, em uma distância que corresponde a 3,3% da distância entre o Sol e a Terra. Portanto, com a proximidade com a estrela, esse astro é ultra quente, tendo uma massa quase igual a de Júpiter, mas um raio cerca de 1,85 vez maior.
Assim como outros jupíteres quentes, este planeta tem um lado onde é sempre dia, devido ter sua rotação travada gravitacionalmente pela estrela. Isso causa diferenças extremas de temperaturas entre o lado claro e lado escuro do exoplaneta.
Estudos anteriores sobre este planeta já mostravam chuvas de ferro em sua atmosfera escaldante. Agora, de acordo com um novo estudo, publicado no último dia 5 por uma equipe de astrônomos, o planeta também tem ventos de ferro em seu lado visível.
Isso porque a alta temperatura faz o ferro contido no planeta vaporizar no lado que é dia, viajar facilmente pela atmosfera com a ajuda do vento, e voltando a solidificar quando chega na área escura e mais fria — caindo na forma de “chuva de ferro”.
Astrônomos descobriram chuvas de ferro em observatório no Chile
Para descobrir os ventos e chuvas de ferro, os cientistas observaram o planeta usando o espectrógrafo ESPRESSO, do telescópio VLT (Very Large Telescope), no Chile. O ESPRESSO é reconhecido por sua estabilidade e precisão, fornecendo espectrográficos do WASP-76 b em alta resolução.
Desse modo, ao examinar o lado claro do WASP-76 b, os cientistas descobriram uma estranha corrente de átomos de ferro se movendo entre as camadas superiores e inferiores da atmosfera do planeta.
“Essa é a primeira vez que temos uma observação tão detalhada do lado claro deste exoplaneta. Graças ao ESPRESSO, temos dados importantes sobre a estrutura da atmosfera do WASP-76 b”, afirmou Ana Rita Costa, pesquisadora do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) de Portugal e co-autora do estudo.
Segundo Costa, as observações dos cientistas indicam a presença de “poderosos ventos de ferro” no planeta, que surgiram por “pontos quentes na atmosfera”. Além disso, os cientistas ressaltam que a descoberta das chuvas de ferro no planeta retratam as condições atmosféricas extremas em um Júpiter ultraquente.
“As profundas análises desse tipo de planeta nos dão informações valiosas para compreendermos melhor os climas planetários como um todo”, finalizou.