ONU avisa que calor e seca no Saara vão aumentar e a África vai sofrer

A África contribui pouco para emissão de gases do efeito estufa, mas deve sofrer de forma intensa com mudanças climáticas e perda de biodiversidade. É o que aponta este novo relatório do IPCC
Mudanças climáticas África
Imagem: Henry Dick/Unsplash/Reprodução

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, publicou um novo relatório na última segunda-feira (28). O futuro climático da África está entre os pontos abordados, com o documento indicando como o aumento da temperatura global pode prejudicar o continente. 

O próprio deserto do Saara, o terceiro maior da Terra, deve enfrentar dias ainda mais quentes e secos dentro das próximas décadas. Isso vai de acordo com o que pesquisadores têm observado até agora. Desde meados de 1970, partes do continente registraram um aumento de 1ºC a 3ºC, com o crescimento mais expressivo sendo visto na região do Saara e Sahel, no norte africano.

Mas este é apenas um detalhe perto do que as mudanças climáticas deverão significar para África. De acordo com o relatório da ONU, o sistema de produção de alimentos do continente será impactada, afetando não só o acesso das pessoas à comida, mas também aqueles que vivem dessa produção. 

Desde 1961, o crescimento da produtividade agrícola da região foi reduzido em 34%. Agora, as altas temperaturas devem seguir contribuindo para a escassez de água e estações de cultivo mais curtas. 

Ao mesmo tempo, a fome na região cresce. Só em 2020, cerca de 98 milhões de pessoas sofriam de insegurança alimentar aguda e precisavam de ajuda humanitária na África subsaariana. De acordo com o relatório do IPCC, o aumento de apenas 1ºC na temperatura global até 2050 resultará em mais de 1,4 milhão de crianças africanas com desnutrição grave.

Como apontou a Associated Press, a África contribui relativamente pouco para as emissões de gases do efeito estufa, mas tem sofrido alguns dos piores impactos das mudanças climáticas. O continente deve observar uma mudança drástica em seu ecossistema dentro das próximas décadas.

As geleiras dos Montes Ruwenzori e do Monte Quênia, por exemplo, devem derreter totalmente até 2030. Ao mesmo tempo, a temperatura do mar deve subir, prejudicando recifes de corais e afetando o trabalho de aproximadamente 12,3 milhões de pessoas que vivem da pesca. 

A rica biodiversidade do continente também será afetada. Estima-se que, até 2100, mais da metade das espécies de aves e mamíferos africanos seja perdida. Ao mesmo tempo, é esperado um declínio de 20% a 25% das espécies de plantas. 

Para o IPCC, a única forma de evitar o desastre é barrar de vez as emissões de gases do efeito estufa. São necessárias medidas urgentes para que vidas sejam mantidas.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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