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Opiniões extremas são mais atraentes que as moderadas? Veja o que diz a ciência

Além de opiniões iguais, as pessoas também se atraem mais por quem traz visões mais extremas, especialmente quando se trata de política

Opiniões extremas são mais atraentes que as moderadas? Veja o que diz a ciência

Imagem: Nadine Shaabana/Unsplash/Reprodução

Um estudo da Universidade de Harvard (EUA) identificou que as pessoas se atraem mais por pessoas com opiniões parecidas que as suas – especialmente quando elas são mais extremas. 

Até então, pesquisadores acreditavam que o principal motivo para a criação de laços sociais era o que os gregos chamavam de homofilia – ou o “amor ao semelhante”. Agora, identificaram um novo componente: acrofilia, ou “amor pelos extremos”. 

Segundo os estudos, as pessoas não só se atraem por quem pensa igual, mas também por quem têm opiniões políticas mais extremas dos seus pontos de vista. A conclusão veio depois de quatro estudos com 1.235 pessoas nos EUA.

Nas ocasiões, pesquisadores pediam que classificassem suas respostas a diversas situações políticas. Os participantes relataram suas emoções e opiniões ou ver imagens de tópicos como controle de armas, caça, aborto e aumento dos gastos militares, por exemplo. 

Em seguida, eram apresentados a seis “colegas” da pesquisa, com visões políticas iguais e diferentes. Aí, então, os participantes precisavam escolher os colegas cujos pontos de vista gostariam de saber nas próximas rodadas do experimento. 

Entre liberais ou conservadores, todos tendiam a escolher os colegas com pontos de vista não só parecidos, mas também mais extremos que os seus. 

Qual a explicação? 

Amit Goldenberg, que liderou os estudos, escreveu na revista Scientific American que muitos fatores podem levar à atração aos extremos. O primeiro é que pessoas mais extremas tendem a ser mais vocais e parecer mais coerentes. O motivo: costumam ter opiniões alinhadas a uma única ideologia política. 

Isso se mostrou verdadeiro em uma pesquisa realizada na Argentina, em 2021: cientistas pediram que 2.632 pessoas tivessem uma discussão política com um estranho e, depois, avaliassem o quanto gostavam daquela pessoa. 

O resultado: os participantes mostraram uma forte preferência por pessoas que expressaram visões políticas mais confiantes e ideologicamente consistentes. Já aqueles com atitudes ambíguas e ambivalentes quase não despertaram a simpatia de ninguém. 

Outra explicação possível é que muitas pessoas se sentem atraídas pela “projeção” que acreditam ser o seu grupo de identificação. Segundo os estudos, os participantes mais propensos à acrofilia também tendiam a pensar que o “membro típico” do seu grupo político era muito mais extremista do que de fato se mostrava.

Na prática, esses participantes podem ser atraídos a extremos porque acreditam que esses pontos de vista são mais representativos de seu grupo político como um todo. “No quadro geral, sabemos que é improvável que os membros mais radicais de um determinado grupo reflitam a perspectiva média dentro dessa comunidade”, escreveu Goldenberg. 

O que fazer sobre a acrofilia 

Agora, pesquisadores tentam entender o poder da acrofilia nas sociedades polarizadas. Os estudos sugerem que pessoas podem estar procurando por vozes mais extremas nas redes sociais e na mídia, mas ainda não há evidências sólidas de que essas tendências também influenciam amizades, casamentos e outras conexões sociais. 

“Uma coisa é gostar de ler uma perspectiva extrema e outra é interagir regularmente com alguém que tem essas opiniões”, justificou o pesquisador. Mesmo assim, entender as origens e o que baseia esse comportamento é urgente. 

“Em última análise, esse padrão [acrofilia] acelera a segregação e torna mais difícil cooperar, transigir e encontrar um terreno comum – todas as características essenciais de uma sociedade saudável”, pontuou o pesquisador. 

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