Até então, o ser humano era a única espécie conhecida por chorar de alegria. Agora, pesquisadores sugerem que os cães dividem conosco tal comportamento.
A ideia de investigar as lágrimas caninas veio de Takefumi Kikusui, pesquisador da Universidade de Azabu, no Japão. Ao observar uma cadela que havia acabado de dar à luz, ele percebeu que seus olhos ficavam marejados ao amamentar.
Então, o cientista logo ligou o choro a oxitocina, também conhecida como “hormônio do amor”. Mas seus conhecimentos iam além da maternidade. Ele sabia, por exemplo, que quando o pet interage com seu tutor, ambos liberam oxitocina.
Daí, veio a indagação: um cachorro poderia chorar de felicidade ao ver seu dono? Foi essa a pergunta respondida pelo pesquisador e sua equipe em estudo publicado na revista Current Biology.
A pesquisa foi dividida em diferentes etapas. Na primeira delas, os cientistas aplicaram uma tira especial de papel dentro da pálpebra inferior de 18 cães. Então, compararam o volume de água produzido ao longo do dia e durante os primeiros cinco minutos após os cães reencontrarem seus donos. A quantidade de lágrimas realmente aumentava quando o tutor chegava, mas não com outros visitantes humanos.
Na segunda etapa, a equipe aplicou uma solução com oxitocina nos olhos de 22 cachorros. Aconteceu o esperado: cães que receberam o composto produziram mais lágrimas do que aqueles do grupo controle, que receberam apenas um placebo.
Por fim, os cientistas apresentaram fotos de cães a 74 participantes humanos. Alguns dos animais estavam com os olhos úmidos e outros não. Depois, os voluntários precisavam classificar em uma escala de cinco pontos o quanto gostariam de cuidar de cada animal. Os pets chorões ganharam mais atenção.
Os cachorros são um dos poucos animais que desenvolveram habilidades de comunicação com humanos através do contato visual. Os pesquisadores explicam que as lágrimas podem desencadear comportamentos protetores por parte dos tutores, o que é benéfico para os cães. Na próxima vez em que rever seu companheiro após um longo dia de trabalho, repare em seus olhinhos marejados.
Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.
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