Os dois lados da moeda para quem trabalha no Google
Mesas de sinuca, tabela de caronas, parques de diversão, shiatsu, unicórnios e até uma coleção completa dos Comandos em Ação em cada escritório. As lendas sobre o que o Google oferece aos seus funcionários são enormes. Entre a fantasia e o mundo real, existe uma empresa bem bacana, sem dúvida. Mas será que ela é a empresa perfeita para desenvolvedores? Confira três relatos sobre as experiências dentro da gigante das buscas.
Os comentários, postados no Reddit e coletados pelo Google Blogoscoped, tentam mostrar o lado que ninguém conhece – normalmente no negativo. É o que mostra o usuário CinoBoo:
Eu trabalho no Google há 5 anos. Você pode ler sobre o lado bom da empresa em qualquer lugar, então vou tentar mostrar o outro lado, baseado em outros empregos em companhias de software.
Um problema comum é que é fácil tornar-se mimado com todas as regalias. Vários escritórios viram o surgimento de focos diferentes de posse das regalias, e alguns começaram a reclamar da qualidade do açúcar nos brownies que são servidos de graça. É constrangedor estar cercado de pessoas que ficaram iguais a crianças mimadas.
Um problema específico de engenharia é que há muita assistência para as operações – isso mesmo, muita gente que trabalha para manter o sistema funcionando. Engenheiros não costumam carregar pagers e raramente estão de plantão. O lado bom é que eles podem focar-se no desenvolvimento, dormir bem e serem mais produtivos. O lado ruim é que eles facilmente perdem o contato com o que realmente acontece dentro dos data centers e às vezes até do que acontece com seus clientes. É ganhar de um lado para perder do outro. Pelo menos o Google já percebeu isso e tem criado programas que incentivam os engenheiros a participar mais das operações.
Por último, a companhia é profissional na arte do “tentando a sorte”, que significa tentar um monte de coisas na esperança de que uma ou outra gere algo bom. O efeito prático dessa tática nos empregados é que você pode se envolver em três, quatro, até em cinco ou mais projetos que não dão certo de uma só vez. Isso não atinge você diretamente, e às vezes eles até dão grandes bônus para as equipes que trabalharam pesado antes do projeto ser cancelado. Mas como bônus e promoções são geralmente ligados ao “impacto”, em coisas que realmente saem do papel e torna-se populares, um monte de gente fica atolada de trabalho, gastando seus 4 primeiros anos na empresa sem lançar nada, sem promoção, e sem grandes bônus. (Os bônus são bem genorosos para as equipes que lançam algum produto de sucesso.)
Isso pode acabar se tornando um problema moral em algum momento, mas no momento as pessoas não estão tão fartas, já que elas acreditam que podem ficar por cima. Elas sabem que mudar para algo marcante como o Gmail ou o Chrome ou o Ads ou seja lá o que for e ter a certeza de que pelo menos farão parte de um lançamento menor de sucesso nos próximos anos. É que realmente há muitas oportunidades para sucesso de pequenas start-ups dentro do Google, e as pessoas são encorajadas à participar, sem saber do risco existente e do sacrifício de oportunidades.
Esses três fatores combinando fazer uma boa porcentagem dos empregados se sentir um pouco desiludidos, embora não totalmente chateados do jeito que ficariam se trabalhassem em 90% do resto do mercado.
Eu sei que as pessoas sempre querem saber do lado negativo, então achei que seria digno de minha parte contar os principais pontos negativos que eu já enfrentei nos meus 5 anos de Google.
Dito isso, há muito mais lados positivos, e eu duvido que eu queria trabalhar em outro lugar. Eu disse “não” para mais ofertas de trabalho do que eu posso lembrar, e eu sempre disse para eles a mesma coisa: eu tenho o melhor trabalho do mundo. (E meu cargo não é nem tão alto assim. Mas eu realmente amo meu trabalho.)
Depois de um relato tão completo, alguns extras. Davmre escreveu:
Eu não trabalho lá atualmente, mas eu fiz um estágio lá há alguns anos. A comida era ótima, o ambiente era cheio de gente bacana, e a parte tecnológica era bem sólida: eles te dão ótimas máquinas, e há procedimentos corretos para controle de código, teste, revisão de código etc. O horário é flexível e sempre tem cerveja de graça no fim do expediente da sexta-feira.
Mas, no fim do dia, continua sendo um trabalho de engenheiro de software. A maioria dos empregados do Google (especialmente aqueles sem Ph.D.) são basicamente macacos velhos dos códigos: macacos bem inteligentes trabalhando com códigos bem complicados, mas 90% dos projetos são basicamente trabalhos simples, e é isso que faz o Google parecer como grande parte das outras empresas. Ou seja, se você gosta de códigos, é um ótimo trabalho.
E Dmazzoni complementa:
Eu estou há 4 anos no Google e não poderia estar mais feliz.
O almoço gratuito é ótimo, mas o que eu realmente amo é o desenvolvimento de engenharia:
O Google tem alguns dos melhores programadores do mundo. Diferente de algumas companhias, onde eles mudam para a função de “arquitetos”, grande parte deles continua apenas escrevendo um monte de códigos e criando ótimas coisas. É ótimo trabalhar com essas pessoas e aprender com elas.
O desenvolvimento aqui realmente cria códigos de alta qualidade. As regras de estilo são extremamente rigorosas e as pessoas ganham prêmios pelos testes de cobertura. Todos os códigos devem passar pela revisão de código antes que o sistema do controle de revisão deixe você mostrar a novidade. Claro que o sistema não é perfeito, mas é muito melhor do que qualquer outra grande companhia que eu conheço.
Se eu me imagino saindo daqui? Claro, algum dia – mas eu teria um início difícil se fosse trabalhar em outra companhia grande de software, eu acho. Acredito que existam várias pequenas companhias ótimas e divertidas para trabalhar, mas o Google é a única empresa grande que é realmente sensacional para quem ama engenharia de software.
Entenderam? Até o melhor dos empregos tem seus altos e baixos. Mas, como no caso a balança continua pendendo para o lado positivo, é hora de vocês tentarem trabalhar no Google, não? Ele estão precisando de gente no Brasil. Clique aqui e comece a roer as unhas. [Google Blogoscoped]