A banda irlandesa U2 fez neste final de semana os shows de inauguração do Sphere, um prédio em formato de cúpula com projeções ao redor de sua estrutura na lendária cidade turística de Las Vegas, nos EUA. O primeiro show “UV Achtung Baby” aconteceu na sexta (29) e teve um público de 18 mil pessoas.
Mas a produção bilionária do Sphere suscitou o questionamento de qual caminho os grandes shows estão tomando. A música passou a ser apenas um pequeno ingrediente em uma receita que privilegia o aspecto visual e imersivo do público? Ou ela ainda faz a diferença nesse contexto?
O que diz o diretor do show
O diretor artístico do U2, Willie Williams, disse à Variety que o espetáculo teria o uso de tecnologias, porém algo mais íntimo seria o momento mais especial da apresentação.
“Há períodos, como sempre acontece no show do U2, em que apenas deixamos a banda e a música para nos conectarmos com o público. Portanto, definitivamente há um alívio no exagero do show. Obviamente queremos maximizar a experiência e, como somos os primeiros, queremos ver o que esta coisa pode fazer, mas isso não importa”, contou Williams.
Em qualquer coisa — mesmo que seja a coisa mais espetacular que você já viu na vida — depois de meia hora você se acostuma. É assim que nós, humanos, somos”, completou.
Um dos momentos da apresentação que viralizou nas redes sociais mostra a experiência visual e imersiva que o local proporcionou aos fãs junto à banda de rock de Bono e companhia. Com mais de um milhão de LEDs, o vídeo dá a sensação de que as estruturas estão se movimentando.
O U2 zerou a brincadeira de quem faz o palco mais legal pic.twitter.com/81KWBTic1A
— Babs (@acucarmelanciaa) September 30, 2023
O Sphere custou mais de U$ 2 bilhões, segundo a Variety. E mesmo com todo esse valor, fazer esse show teve um grande desafio: o áudio. O empresário dono do local James Dolan confessou que o formato de cúpula não era o melhor para o sistema de som do grupo.
A solução foi inserir milhares de pequenos alto-falantes em todos os lugares, até nos assentos.
“Vou dizer a vocês que os artistas serão muito mimados, porque nunca ouvi nada parecido, em nenhum local, e já estive em muitos locais – sem distorção, som cristalino sem qualquer ressalto, etc. Eu estava ouvindo U2 outro dia e era como se eles estivessem tocando para você na sua sala.”, disse o empresário.
Críticas ao U2
Bono foi alvo de críticas por incluir vários empresários em sua lista de agradecimentos. Damon Krukowski, da dupla indie Damon & Naomi (ambos ex-Galaxie 500), comentou no X que o vocalista do U2 agradeceu “ao apoiador de Trump”, que construiu o Sphere (James Dolan), ao “executivo mais bem pago da indústria musical” (Michael Rapino, da Live Nation), entre outros.
Inaugurating a $2.3 billion venue, Bono thanked the Trump supporter who built it, the highest paid paid exec in the music industry (from Live Nation/TicketMaster), the dude who was sued for monopolizing music publishing, the one who sold out the labels to Apple, etc etc 🤮 pic.twitter.com/n4eQkZcl1n
— Damon K 🎤 (@dada_drummer) October 1, 2023
Estrutura do Sphere
A estrutura da arena tem um super telão 16k de definição para os shows que aconteceram no local. A apresentação do U2 foi a primeira de outras que a banda fará na “esfera” de Las Vegas.
“Certamente para a banda no palco, o público parece incrivelmente próximo. Parece um palco de teatro, na verdade. E tendo acabado de fazer o show ‘Surrender’ com Bono, você definitivamente sente algo parecido na linguagem. Porque são pessoas em pé no palco, olhando em uma direção, tocando para o público ou olhando para eles”, explicou o diretor artístico.
https://www.youtube.com/watch?v=z2f5NzAALCA
Planejado desde 2021, o show do U2 para a abertura do Sphere conta com o baterista Bram van den Berg, do Krezip, no lugar de Larry Mullen Jr., que se recupera de uma cirurgia.
Arena é inspirada na ficção
James Dolan, o empresário criador da esfera, se inspirou no conto de ficção científica de Ray Bradbury: “The Veldt. A história alerta para o uso de tecnologia no cotidino entre adultos e crianças.
“É incrível que Bradbury tenha escrito essa história nos anos 50, e era realmente sobre mídia experiencial — e no caso de ‘The Veldt’, em casa – e falava sobre paredes de cristal que se transformavam em paisagens. Quero dizer, não foi muito diferente do que estamos fazendo. Então, quando começamos a conversar sobre o que poderíamos fazer tecnologicamente com o local, ‘The Veldt’ veio à mente imediatamente. Poderíamos criar esse tipo de experiência dentro do local?”, contou Dolan por fim.