Reinventando a impressora com papel regravável e água em vez de tinta
As empresas que tentam reduzir custos e o impacto ambiental se encontram em um dilema quando se trata de imprimir. Para muitas pessoas, ler no papel é um hábito difícil de largar, já que a única alternativa geralmente é ler em uma tela brilhante.
No entanto, até 40% dos documentos impressos em escritório são usados apenas uma vez. Por isso, o desejo de ter palavras em papel contrasta com o custo relativamente alto da tinta, mais o lixo que é gerado. Como resolver isto?
Pesquisadores chineses dizem ter a solução para aliviar a consciência e reduzir o custo de ler documentos em papel. Eles criaram uma impressora a jato de água, em vez de tinta, e um papel reutilizável que muda de cor quando úmido.
“Três grandes problemas são a crise energética, o aquecimento global e a deterioração ecológica e ambiental”, diz Sean Zhang, professor de química na Universidade de Jilin (China) e coautor do estudo sobre esta inovação, publicado na revista Nature Communications em 28 de janeiro. “Todos esses três problemas são causados por um fator principal: o desmatamento. E o consumo excessivo de papel contribui muito para o desmatamento.”
De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, só os americanos geraram mais de 70 milhões de toneladas de lixo composto por papel e papelão em 2011. E o consumo mundial total de papel subiu para 400 milhões de toneladas em 2012, estima a Federação das Indústrias Florestais da Suécia.
Zhang diz que, com o papel regravável, sua equipe deu um passo rumo a diminuir o consumo de papel. É possível imprimir nele e apagá-lo várias vezes. O material é feito com corantes que são invisíveis quando secos, mas que revelam cores quando molhados. A água age como uma chave para o corante, abrindo moléculas fechadas e incolores para desencadear a coloração.
Cientistas da Universidade de Jilin demonstram seu papel de impressora a jato de água, após imprimir em uma impressora convencional convertida. Cortesia de Sean Zhang/Universidade Jilin/Nature.
Os testes mostram que cada folha pode ser reutilizada pelo menos 50 vezes. Eles usaram uma impressora desktop padrão, cujo cartucho de tinta foi reabastecido com água. Eles também demonstraram as habilidades do papel com uma caneta cheia de água, que registra temporariamente a caligrafia da mesma forma.
“Até agora, nós já conseguimos quatro cores diferentes, e as impressões podem durar por 22 horas”, diz ele. “A qualidade da impressão a jato de água é comparável com a impressão a jato de tinta.”
No artigo, os autores dizem que esperam trabalhar em melhorias. “A legibilidade e a resolução de nossas impressões atuais a jato de água parecem boas o suficiente para uso geral de leitura, e estamos confiantes em melhorar ainda mais a intensidade e a uniformidade da cor em nossa mídia regravável”, escrevem eles.
Lan Sheng, doutorando na Universidade Jilin, demonstra o papel regravável sensível à água com uma caneta cheia de água. Cortesia da Universidade Jilin/Nature.
O custo da impressão promete ser baixo: 1% do custo por página de impressões em tinta, dizem os pesquisadores. Afinal, o papel é reutilizável, e a água é significativamente mais barata do que tinta. Em testes iniciais com os corantes, os pesquisadores viram que eles estão na faixa de baixa toxicidade. Testes de exposição prolongada com camundongos já estão em andamento.
“Apesar de estarmos na era eletrônica… as pessoas preferem ler em papel”, diz Zhang. Com o sistema de impressão à base de água, “não estamos apenas economizando muito dinheiro, como também resolvemos o problema do desperdício de papel”.
Este post foi publicado originalmente no Txchnologist, uma revista digital apresentada pela GE, que explora o mundo da ciência, tecnologia e inovação.
Imagem inicial: Mulberry borer via Shutterstock/Hywit Dimyadi