Não há apenas um exemplar do Livro Egípcio dos Mortos. Na verdade, a obra foi reescrita diversas vezes ao longo da história, adaptando-se a sociedade vigente.
Ao contrário do que é mostrado em filmes de ficção, como “A Múmia (1999)”, os textos não têm a intenção de trazer os mortos de volta a vida. Pelo contrário, há nos papiros feitiços que deveriam ser realizados para ajudar os falecidos em sua jornada pelo submundo.
Partes desses pergaminhos são ocasionalmente recuperadas por arqueólogos. Entre os achados mais recentes está o papiro Waziri, revelado em 2022 durante uma expedição na necrópole de Saqqara, próxima ao Cairo.
Um papiro completo como este não era encontrado há pelo menos um século. Agora, ele está sendo traduzido para o árabe por cientistas do Museu Egípcio do Cairo. As cópias do Livro dos Mortos podiam chegar aos 40 metros de comprimento. O achado recente, no entanto, media cerca de 16 metros e continha apenas um capítulo escrito em hieróglifos.
Além do pergaminho, foram encontrados nessa mesma expedição cinco túmulos de 4 mil anos, os quais guardavam 250 sarcófagos de madeira pintados contendo múmias completas e 150 estatuetas de vários deuses. Também havia no local uma coleção de cosméticos, vasos de bronze e um sistro (instrumento musical de percussão usado no Antigo Egito).
Segundo Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, o papiro deverá ser apresentado na abertura do Grande Museu Egípcio no Cairo, planejada para este ano. O complexo cultural ficará a apenas 2 km de distância das pirâmides de Gizé e está sendo considerado como o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização, cobrindo uma área total de 24 mil metros quadrados.