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Para pôr fim à divisão racial em estudos genéticos, cientistas pedem termo “raça” de fora

Relatório de entidade de cientistas dos EUA diz que uso do termo "raça" contribui para o determinismo biológico, uma das bases do eugenismo

Para por fim à divisão racial em estudos genéticos, cientistas pedem termo "raça" de fora

Imagem: National Cancer Institute/Unsplash/Reprodução

Um relatório das Academias Nacionais de Ciência, Engenharia e Medicina dos EUA recomenda que cientistas parem de usar “raça” como categoria de separação nas pesquisas genéticas. 

Ao longo da história moderna, a ciência usou o termo para descrever populações e doenças humanas. Agora, porém, os cientistas defendem que “raça” não seja uma categoria de variação genética, aspecto influenciado por fatores sociais e ambientais.

“Raça é uma designação socialmente construída, um substituto enganoso e prejudicial para diferenças genéticas populacionais”, diz o material. Segundo os autores, o termo influencia o pensamento humano para marginalizar alguns povos em benefício de outros. 

Na prática, dividir humanos em “raças” contribui para o determinismo biológico – ou seja, a ideia de que as características biológicas determinam o “sucesso” ou “fracasso” de determinado grupo. Essa é uma das bases do pensamento eugenista. 

“Nenhuma variável única representa totalmente a complexidade da diversidade genética humana”, escreveram os pesquisadores. “É hora de reformularmos como os estudos genéticos são conceituados, conduzidos e interpretados”.

Qual o melhor termo 

O relatório oferece soluções para substituir “raça” na hora de analisar as diferenças genéticas entre uma população e outra. Por isso, a sugestão é que os pesquisadores usem variáveis ao capturar as informações. 

Um exemplo é que os descritores identifiquem os grupos com base na nacionalidade (“brasileiro”), geografia (“latino-americano”) ou etnia (“indígena Yanomami”). “Se apropriado, os pesquisadores devem considerar o uso de vários descritores para cada participante do estudo para melhorar a clareza”, pontua o grupo. 

As Academias recomendam que os cientistas sejam transparentes sobre suas decisões a respeito das descrições usadas nos grupos populacionais. Outra sugestão é que, sempre que possível, envolvam as populações do estudo na determinação dos próprios rótulos. 

A manifestação das Academias vem na esteira do pedido de desculpas da ASHG (Sociedade Americana de Genética Humana, na sigla em inglês). Em janeiro, a entidade norte-americana reconheceu o histórico de racismo e eugenia na pesquisa genética conduzida ao longo dos anos nos EUA.

Nove dos primeiros líderes da sociedade tinham cargos de liderança na American Eugenics Society (Sociedade Americana de Eugenia). Pelo menos três deles participaram da sociedade enquanto ainda eram presidentes da ASHG.

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