Ciência

Pardal expande área do cérebro que controla o canto antes do acasalamento

Estudo identificou como o pássaro aumenta o número de neurônios em preparação para o acasalamento e depois mata as células
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Não é novidade que muitos animais têm características especiais para atrair um parceiro para o acasalamento. Entre os pássaros, isso também acontece: a ciência já sabe há algum tempo que alguns deles desenvolvem áreas do seu cérebro que controlam o canto quando estão neste período.

Agora, um novo estudo descobriu que uma espécie de pardal (Zonotrichia leucophrys gambelii) faz isso em uma escala completamente impressionante. De acordo com a pesquisa, a área chamada de HVC (hyperstriatum ventral pars caudalis) praticamente dobra o número de neurônios durante a temporada de acasalamento.

Entenda a pesquisa

A fim de mensurar o crescimento e encolhimento do cérebro do pardal macho, pesquisadores  marcaram células dentro e ao redor da área chamada HVC. Para isso, eles utilizaram uma molécula cujo nome é bromodeoxiuridina (BrdU), que pode ser incorporada ao DNA de células em divisão.

Então, os cientistas simularam o período de acasalamento do pássaro por meio de suplementos hormonais. Dessa forma, notaram que a região HVC cresceu de cerca de 100 mil neurônios para quase 170 mil.

Além disso, o hipocampo também também gerou novas células cerebrais nesse momento. Esta outra região do cérebro é importante porque guia os pássaros durante a migração que eles fazem para acasalar.

Quando a temporada de acasalamento simulada terminou, os pardais rapidamente perderam um grande número de neurônios. Analisando as células marcadas com a molécula BrdU, os pesquisadores descobriram que elas passam a se dividir em astrócitos.

Essas células cerebrais são responsáveis por regular algumas funções dos neurônios. Então, quando parte deles morre após o acasalamento, os astrócitos limpam a “bagunça” e morrem neste processo.

Geralmente, quando áreas do cérebro aumentam ou diminuem, o órgão pode ser prejudicado – ao menos na maioria dos animais. Isso porque o crescimento causa uma inflamação, aumentando a pressão dentro do crânio. Mas os pardais conseguem fazer isso sem prejuízos.

A aposta dos pesquisadores é de que o pássaro aloca espaços em seu cérebro de acordo com qual região ele precisa utilizar naquele momento. Dessa forma, o órgão vai se encaixando dentro do crânio, sem se apertar.

O avanço na ciência

Os cientistas apresentaram o estudo na reunião anual da Society for Neuroscience, que aconteceu em Washington DC, nos EUA.  Agora, eles esperam que suas descobertas um dia apontem caminhos para tratar anomalias no cérebro humano.

Os pesquisadores acreditam que o ciclo de crescimento e degeneração cerebral dos pardais pode fornecer um modelo para estudar a depressão em outros animais, incluindo humanos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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