Patrimônio mais antigo da ciência do país, Museu Nacional faz 205 anos tentando se reerguer
O Museu Nacional deu seus primeiros passos para voltar ao mapa de pontos turísticos do Rio de Janeiro no último domingo, quando abriu as portas para comemorar o aniversário de 205 anos da instituição, celebrados nesta terça-feira (6).
Apesar de ter 85% do acervo destruído em um incêndio de 2018, o local ofereceu mais de 20 atividades para estimular a divulgação científica e a retomada do local histórico.
A estrutura está em processo de reconstrução e reorganização do acervo desde 2021. Algumas peças atingidas pelo fogo foram recuperadas e outras estão sendo obtidas em doações. Enquanto isso, o museu tenta manter suas atividades educativas, que sempre foram o carro-chefe para a atração de visitantes.
“Temos agora uma oportunidade de reestruturar essa instituição e trazer mais dinamismo para ela. Que seja mais conectada com o século 21 e foque nessa relação com o público”, disse Igor Rodrigues, atual chefe da Seção de Assistência ao Ensino do museu.
Rodrigues conta que o Museu Nacional ampliou o portfólio de projetos e continua desenvolvendo o material didático que vai para as escolas – uma atividade que começou na década de 1950. A expectativa é inaugurar exposições em breve.
Um pouco de história
Antes de ser Museu Nacional, a imponente estrutura na Praça Quinta da Boa Vista era Museu Real e ficava no Campo de Santana, na região central do Rio de Janeiro.
A inauguração do prédio foi em 6 de junho de 1818, no governo de D. João 6º, quando a cidade ainda era a capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Desde o início, o local abrigou coleções de interesses científicos, como o acervo da Casa de História Natural, que já existia desde 1784. Ali estavam peças de mineralogia, aves empalhadas e artefatos indígenas.
Foi só depois da Proclamação da República, em 1889, que o prédio começou a se chamar Museu Nacional. Em 1892, se mudou para o Paço de São Cristóvão, a antiga residência oficial da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira.
O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) tombou o edifício em 1938, quando a instituição já era o maior acervo de história e ciência natural da América Latina. Em 1946, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) assumiu o comando da instituição, o que continua até hoje.
A inauguração da obra que revitalizou a fachada após o incêndio ocorreu em setembro do ano passado (na imagem de destaque).
O que existia no Museu Nacional
Até o incêndio de 2018, um dos itens mais importantes do acervo era o fóssil de Luzia, encontrado em Lagoa Santa (MG), em 1974, e considerado o habitante mais antigo das Américas. Os arqueólogos encontraram o crânio e o fêmur de Luzia nos escombros.
Outro elemento de destaque era o Bendegó, o maior meteorito já encontrado no Brasil, com 5,36 toneladas. Estima-se que o corpo celeste tinha 4 bilhões de anos e tenha vindo de uma região do sistema solar entre Marte e Júpiter. O fragmento caiu no sertão da Bahia e entrou no acervo em 1888.
No ano de 1826, o então imperador Dom Pedro cedeu ao museu uma coleção valiosa de múmias egípcias. Era a maior da América Latina, com múmias de adultos, crianças e animais – incluindo gatos e crocodilos. Pelo menos 200 dos mais de 700 itens da coleção egípcia foram recuperados.
Os restauradores também conseguiram resgatar 30% da coleção da Imperatriz Teresa Cristina, que reúne objetos produzidos entre os séculos 7 a.C e 3 d.C nas cidades de Pompeia, Herculano e Veio.
O cronograma atual é que as obras no interior, nos jardins e nos espaços de exposição aconteçam de 2024 a 2027. A expectativa é abrir parte do museu para visitação já a partir de 2026. O custo estimado da obra é de R$ 450 milhões.
Enquanto isso, é possível conferir os itens do Museu Nacional no site oficial. Acesse aqui.