Paulo Moreira fala sobre o jeito nordestino e a carreira como quadrinista
O Sana, maior festival geek do nordeste, aconteceu no último fim de semana em Fortaleza (CE). Entre as atrações, um espaço chamou nossa atenção: a Vila dos Artistas, que reuniu artistas e ilustradores para vender suas criações inéditas e autorais.
Entre os mais 80 profissionais presentes, estava o paraibano Paulo Moreira. A convite da organização do Sana, a reportagem do Giz Brasil foi ao evento e bateu um papo com o quadrinista sobre sua carreira e novos projetos. Confere aí o resultado!
Cria de João Pessoa, na Paraíba, Paulo Moreira desenha desde criança, mas demorou até perceber que poderia levar os quadrinhos mais a sério. Digo, como profissão, mesmo. Chegou a cursar Mídias Digitais na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mas não concluiu. Foi só depois que mudou para o curso Design Gráfico, entre 2016 e 2017, que começou a postar seus quadrinhos na internet — incentivado por amigos.
“Comecei a postar sem botar fé nenhuma assim, e começou a aparecer gente curtindo, a ter um alcance grande. Em 2018, foi quando eu vi que já tava com muitos seguidores, muita gente já conhecia meu trabalho. Eu comecei a fazer livros de tirinhas, comecei a criar mais histórias em quadrinhos. E aí foi…”, relembra o artista.
Foi… um sucesso danado. Famoso nas redes sociais, Paulo é seguido por 385 mil pessoas em seu perfil Instagram e também por 280 mil no Twitter. Aliás, vale dar uma conferida no que ele fala por lá. Além de compartilhar seu trabalho, o cara também tem um senso de humor refinado e é rápido no gatilho: vira e mexe produz quadrinhos inspirados em memes e acontecimentos atuais que viralizaram na internet.
Seus quadrinhos têm um forte apelo na cultura pop e, principalmente, no mundo nerd. Naruto, Pokémon, Dragon Ball Z, Homem-Aranha, Mario e companhia costumam ter espaço cativo — representados sempre de uma forma tipicamente brasileira. Como nesta releitura aqui de “Avatar: A lenda de Aang”.
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Tem outra: Paulo faz questão de usar as gírias e cultura nordestina. “Boa parte mesmo das coisas que eu faço é inspirada das vezes que eu saio na rua e escuto uma conversa do povo, ou quando vejo minha mãe e minhas tias, o pessoal da família ou amigos, conversando. Sempre dá um material. Eu fico ‘rapaz, dá para fazer uma história em quadrinho direitinho’. Muito do que eu faço vem do dia a dia mesmo e das pessoas que eu convivo, mas muita gente acaba não entendendo”, explica.
“A vida toda o caba pega histórias e gírias assim de novela que vê do sudeste, e a gente meio que nem entende tudo. Mas eu acho o máximo quando é o contrário que acontece. A galera fica ‘rapaz, não entendi direito’ e o povo passa a pesquisar ou então perguntar mesmo nos comentários o significado”, conta.
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Desde que foi abraçado pelo público nas redes sociais, o artista paraibano já publicou as coletâneas de tiras “Mar Menino”, “Operação Dragão Negro”, “Ana, Mosquinha e Lagatixinha”. No momento, divulga a recém-lançada “Bom Dia, Socorro”, que estreou primeiro no Twitter.
Na conversa, Paulo Moreira deu um pequeno spoiler sobre um de seus novos projetos. “No final do ano passado eu publiquei um livro de história em quadrinhos que eu fiz, que é ‘Bom dia Socorro’, de umas páginas que eu estava postando no Twitter. Agora, eu comecei a fazer outro, que é ‘Felipe Falcão’, uma história em quadrinho que fala sobre gatos. Eu tô postando no Twitter algumas páginas da produção, e acho que daqui para o final do ano eu consigo terminar”, completou. Quem não acompanha o desenrolar da história como se fosse uma novela tá fazendo errado. Vai lá conferir!
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— paulo moreira 🚴♂️ no FIQ (@paulomoreria) June 3, 2022
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— paulo moreira 🚴♂️ no FIQ (@paulomoreria) June 6, 2022